Os funcionários da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, paralisaram suas atividades na manhã de sábado. Com a proporção da greve dos caminhoneiros no país, os trabalhadores, que já vinham se organizando e se posicionando contra a política de preços de combustíveis na Petrobras, resolveram aderir à mobilização nacional com o corte de rendição do turno. Isso quer dizer que os funcionários da turno da noite de sexta-feira para sábado, que deveriam ser rendidos pelos do turno da manhã, ficaram dentro da Refinaria.
Do lado de fora, ao longo da manhã, os outros trabalhadores se dividiam em grupos e aguardavam pela decisão do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS), que, por volta das 10h50min, após reunião, decidiu manter o corte pelo menos até as 16h, quando a categoria se reuniria novamente. A mobilização que já vinha ocorrendo antes de os trabalhadores de fato paralisarem ocorria devido a postura do governo em facilitar as importações e enfraquecer a capacidade da estatal, explicou Mirian Ribeiro Cabreira, integrante da diretoria do Sindipetro-RS. “Estão diminuindo a Petrobras com o objetivo claro de privatizá-la”, afirmou. Ainda de acordo com ela, a política tem sido empregada desde o início da gestão do presidente Michel Temer. “Temos pautas importantes, muito parecidas”, comentou o funcionário da Refap, Ricardo Landal, sobre a adesão da categoria à greve dos caminhoneiros.
Conforme o trabalhador, um dos que estava paralisado em frente ao local, na divisa de Canoas com Esteio, a política de favorecimento a importações vem deixando a Refinaria ociosa. A movimentação no local em apoio aos caminhoneiros não era só por parte dos trabalhadores da Refap. No canteiro central da avenida Getúlio Vargas, onde está a Refinaria, por exemplo, havia um grupo de motoristas por aplicativos posicionado em apoio à mobilização. Diversos motoristas que passavam pelo local também buzinavam a favor.
A paralisação dos funcionários em frente a sede da Refap foi a novidade no local na manhã de sábado. Poucos metros à frente, no portão de entrada e saída de caminhões, a movimentação era a mesma dos últimos dias. Caminhoneiros bloqueavam o acesso e permitiriam apenas saídas urgentes, como de combustíveis para viaturas da Segurança Pública e da Saúde. Mas a única saída prevista para ontem era a de seis carretas com 35 litros de querosene para aviação cada uma para manter 30% do funcionamento do Aeroporto Salgado Filho. “Estamos nessa mobilização não só pelo óleo diesel, mas pela baixa de todos os combustíveis. A luta é por todos os brasileiros”, disse Elisnandio Mota, um dos caminhoneiros.