Grupo investigado por obras inacabadas lesou 870 pessoas só no RS

Em um dos locais com mandado de busca, agentes recolheram um cheque nominal de R$ 200 milhões

A Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública e Ordem Tributária (Deat) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil, cumpriu hoje 15 ordens de busca e apreensão no âmbito da Operação Torre Negra em quatro cidades gaúchas e nos estados de Santa Catarina, Goiás e São Paulo. O objetivo era desarticular uma organização estruturada para a prática de crimes de estelionato, associação ao crime e lavagem de dinheiro a partir de obras fictícias ou inacabadas do setor imobiliário, que eram vendidas e nunca entregues.

Segundo o delegado Max Otto Ritter, a investigação apurou a sucessão de negócios jurídicos destinados à venda de imóveis, ainda na planta, mas que tiveram as obras abandonadas ou sequer saíram do papel. “O esquema criminoso movimentou pelo menos R$ 90 milhões e vitimou aproximadamente 870 pessoas, somente no Rio Grande do Sul”, salientou o delegado.

Com o apoio das polícias civis desses três estados as ações da Polícia gaúcha ocorreram em Porto Alegre, Canoas, Gramado, Nova Santa Rita, Florianópolis/SC, Goiânia/GO, São Carlos/SP e São Paulo/SP. As atividades se concentraram em sedes de empresas, residências de proprietários e funcionários e demais locais de interesse às investigações.

Foram apreendidos contratos, documentos contábeis e um cheque nominal no valor de R$ 200 milhões, além de computadores com CPU e mídias diversas na operação de hoje. Em uma das residências, também foram apreendidas uma arma de fogo e munições, o que resultou na prisão em flagrante do proprietário do imóvel, por porte irregular de arma de fogo.

A atual etapa da investigação, iniciada no primeiro semestre de 2016, teve como principais investigados os diretores, sócios e avalistas do M.Grupo, líder de um conjunto de mais de 110 empresas, a maioria tendo como sócios Lorival Rodrigues e o filho dele, Cyro. “Na cidade de Gravataí, o grupo negociou a venda na planta de imóveis em um edifício (Majestic Business Tower) que nunca teve autorização para incorporação e era anunciado como sendo o mais alto do Brasil”, destacou o delegado André Anicet.