Caminhoneiros garantem liberar remédios, perecíveis e cargas vivas só até sexta-feira

"Se até lá não acontecer nada, aí lamentavelmente vai parar tudo. Não vai funcionar mais nada", assegurou presidente da ABCam

Foto: Alina Souza/CP

A reunião entre o governo federal e representantes dos caminhoneiros terminou nessa quarta-feira sem acordo e a paralisação da categoria prossegue. Foi o primeiro encontro desde o início da greve, na segunda-feira. Os transportadores autônomos exigem a isenção total dos impostos federais que incidem sobre os combustíveis para encerrar a paralisação.

“O grande problema que o país está atravessando, não só com o caminhoneiro, é o problema do combustível. Tá muito caro, aumenta a cada dia. No caso do transportador autônomo, precisa tirar os penduricalhos, que são o PIS/Cofins e a Cide [impostos]”, afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCam), José da Fonseca Lopes em coletiva de imprensa após a reunião com o governo.

O governo chegou a pedir uma trégua de três dias no movimento, mas o prazo acordado foi até a próxima sexta-feira, sem interrupção da greve. Segundo a associação de caminhoneiros, até lá só vai ser permitido o transporte de produtos perecíveis, carga viva, medicamentos e oxigênio hospitalar.

Uma nova reunião entre governo e representantes dos transportadores está marcada para hoje, às 14h, no Palácio do Planalto. “Se até sexta-feira não acontecer nada, aí lamentavelmente vai parar tudo. Não vai funcionar mais nada”, assegurou Fonseca Lopes, presidente da ABCam, entidade que, segundo ele, representa cerca de 700 mil caminhoneiros, 60 sindicatos e 7 federações.

Além da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que o governo já se comprometeu a eliminar sobre o preço do diesel, incidem ainda os tributos federais PIS/Pasep e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). No caso da gasolina, esses tributos somados correspondem a 16% do preço final do produto. Para o diesel, os impostos federais equivalem a 13% do valor final que é vendido nos postos. A expectativa dos caminhoneiros é que a eliminação dos tributos gere uma redução média de R$ 0,60 por litro de combustível.

Balanço do movimento
No balanço divulgado pela associação, há 270 bloqueios em rodovias de 22 estados do Brasil. Apenas Roraima, Amazonas, Amapá, Acre e Rio Grande do Sul não registraram interdições com bloqueio total. O movimento calcula que cerca de 400 mil caminhoneiros estejam parados hoje. Na segunda-feira, segundo José Fonseca Lopes, essa número ainda era de 200 mil.

Em nota, a Advocacia Geral da União (AGU) informou já ter obtido 9 liminares obrigando a desobstrução de rodovias federais em nove estados, e ter entrado com mais 24 ações, ainda aguardando decisão.

A paralisação já provoca desabastecimento de mercadorias, combustíveis para postos de gasolina e aeroportos, circulação de transporte público, além de congestionamento.