Caso Marielle: ex-PM depõe e garante ser ‘bode expiatório’

Em Bangu 1, onde cumpre regime restritivo desde a semana passada, Orlando de Curicica deixou de se alimentar porque teme ser envenenado

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Foto: Arquivo/Guilherme Cunha/Alerj

Apontado por uma testemunha do caso Marielle Franco como um dos mandantes do assassinato da vereadora, o ex-PM Orlando Oliveira de Araujo prestou depoimento à polícia do Rio de Janeiro, durante a tarde desta quarta-feira, no presídio de segurança máxima de Bangu 1, onde está preso.

De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, Araújo afirmou aos policiais que está sendo usado como ‘bode expiatório’ e negou envolvimento com o crime. “Ele disse que caiu de bucha nessa história”, afirmou o advogado Paulo Andrade, que o acompanhou no depoimento.

Segundo o ex-PM, a testemunha que o acusou de participação no crime é um PM que já trabalhou com ele em serviços de segurança e que, por conta do rompimento dessa parceria, o incriminou com motivo pessoal.

Investigações do Ministério Público apontaram Araujo como líder de uma milícia em Curicica, na zona oeste, onde nasceu, foi criado e é conhecido como Orlando de Curicica. A defesa dele desmente, dizendo que o cliente é um líder comunitário da região.

Araújo está preso sob a acusação de homicídio, mas ainda sem condenação. Ele cumpria prisão preventiva em Bangu 9, mas, desde a semana passada, foi transferido para o presídio de segurança máxima de Bangu 1, onde cumpre um regime restritivo. Desde então, não se alimentou – porque teme ser envenenado – e está muito debilitado, segundo o advogado.

A justiça autorizou a transferência dele para um dos quatro presídios federais de segurança máxima, para que ele não interfira na investigação do caso Marielle. A defesa já impetrou um habeas corpus tentando reverter essa decisão.

Os advogados pediram ainda à corregedoria o afastamento do delegado Giniton Lages, da Divisão de Homicídios, da investigação. O delegado esteve em Bangu 1 para ouvir Araujo na quinta-feira passada, mas o ex-PM disse que não quis falar com o delegado porque se sentiu ameaçado.