Nesta quarta-feira, a Farsul divulgou levantamento apontando que cada R$ 1,00 do PIB gerado no campo significa R$ 4,02 para o Rio Grande do Sul. Antes mesmo que a primeira semente germine, a agricultura inicia uma movimentação que se estende após a colheita. O objetivo do estudo é mostrar que o agronegócio não envolve apenas um setor, mas trata-se de um processo que integra também a indústria e o comércio, com geração de empregos e arrecadação para o estado.
A estimativa é de que o valor bruto da produção agropecuária do Rio Grande do Sul em 2018 será de R$ 39,1 bilhões, um crescimento de 12,2% na comparação com 2017. Milho (25,4%) e soja (25,2%) são os principais responsáveis pelo aumento. O levantamento mostra que 66% desse valor são para cobrir os custos operacionais como indústrias de fertilizantes, químicas, metalmecânica, e também seguradoras, instituições financeiras e serviços especializados, entre outros.
O movimento tem sequência depois que a safra deixa a porteira. A produção serve de matéria-prima para outros setores que irão agregar valor a ela. Conforme a Farsul, somente o PIB da agricultura chegará a 32,1 bilhões em 2018 que, ao final de todo o processo se transformará em 129,3 bilhões, o equivalente a 40% do Produto Interno Bruto do Rio Grande do Sul.
Para o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, é preciso compreender que o funcionamento da economia mudou. “Não somos mais a atividade primária, mas sim a primeira, por ser a mais importante no Rio Grande do Sul. Injetamos 26 bilhões em outros setores apenas para garantir a nossa produção. Até chegarmos ao grão, uma grande roda se movimenta”, afirma.
Na mesma linha, o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, lembra que a divisão da economia em setores primário, secundário e terciário é de 1932 e precisa ser atualizada. “Muitas pessoas ainda acreditam que a agricultura é a mesma de cem anos atrás e isso não acontece mais. O faturamento vem da inserção de tecnologias na agricultura. Dois terços da riqueza gerada pelo campo são em setores não agrícolas. Pessoa que estão produzindo na indústria ou serviços no meio urbano, mas é a entrada da safra que garante a continuidade daquele negócio”, explica.
O economista rebate as críticas de que as exportações do setor não possuem valor agregado. “O que vem por trás de um grão é uma quantidade enorme de pesquisas, investimentos e tecnologia. Quem afirma não haver valor é por falta de desconhecimento por manter uma visão antiga”, conclui. Além do cenário geral, o levantamento também traz os dados dividido em regiões.