Falsário que fraudou a Carris em mais de R$ 1,7 milhão fazia doações ao PMDB

As investigações, entretanto, não apontam o motivo das doações

Foto: Ministério Público./ Divulgação.

O falsário identificado como Ivsem Gonçalves, que é apontado pelo Ministério Público Estadual como responsável por fraude de mais de R$ 1,7 milhão a Carris, fazia doações eleitorais ao PMDB, segundo o promotor de Justiça Flávio Duarte. As investigações, entretanto, não apontam o motivo de Gonçalves efetuar as doações.

“Essa situação [da doação] vai ser objeto de aprofundamento. É aquela velha situação de ser indicado ao cargo e precisar retribuir ao partido. Mas não sabemos ainda se foi feito por iniciativa própria ou se havia uma combinação anterior que justifique os pagamentos. Vamos tentar apurar”.

A fraude aconteceu entre agosto de 2015 e janeiro de 2017, quando Gonçalves trabalhava na Carris. Com uma carteira de identidade falsificada em 1996, em nome de uma criança que havia morrido em 1961, ele requisitava indenizações por acidente à Companhia e recebeu diretamente mais de R$ 365 mil. Para completar o golpe, ele ainda passou à condição de advogado, com número de inscrição na OAB de outra pessoa que também havia morrido.

O promotor se espantou com a facilidade na aplicação do golpe e acredita que Gonçalves não agiu sozinho.

“O documento administrativo da Carris que dava o aval para o pagamento do benefício não era assinado por ele [Gonçalves]. O diretor financeiro, que acreditamos ser o superior imediato dele, assinava; o procurador da Carris e o presidente também assinavam. Chama a atenção que, em mais de um ano, isso não foi percebido pela administração. Bastou um mês da nova gestão para que fosse notado. Uma simples pesquisa nos documentos apresentados seria suficiente para constatar as irregularidades”, aponta o promotor.

O MP solicitou a prisão preventiva do falsário, mas o pedido foi negado pela Justiça. Durante o cumprimento dos mandados, armas foram localizadas na casa do envolvido. Ele nega a participação de outras pessoas na fraude.