Gilmar Mendes desmente suposta entrevista com Lula: “não iria ao presídio para tanto”

Mendes estima que candidatura do petista não venha a ser protocolada, mesmo com dúvidas sobre a lei da Ficha Limpa

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, esclareceu, na tarde de hoje, ao programa Esfera Pública que não pretende ir até Curitiba para entrevistar o ex-presidente Lula, preso desde 7 de abril na Superintendência da Polícia Federal. “Não iria ao presídio para tanto”, disse Mendes. Ele reforçou que a suposta entrevista, ventilada em alguns meios de comunicação, é parte de um projeto que analisa a passagem dos 30 anos da Constituição Federal. “No caso de chegar a hora de ouvir Lula, se ele ainda estiver preso, alguém irá até lá para conversar com ele”, deixou claro.

O projeto, que já foi realizado quando da passagem dos 25 anos da Constituição, em 2013, vai ouvir ainda outros ex-chefes de Estado, como Fernando Henrique Cardoso e o próprio presidente Michel Temer. A intenção, segundo Mendes, é “discutir aspectos relevantes, o que deu certo e o que não deu (na Constituição)”.

Gilmar ainda foi questionado sobre a desistência do ex-colega de toga, Joaquim Barbosa, de concorrer à presidência pelo PSB. “Somente dois presidentes terminaram o mandato (após a democratização), e com uma dificuldade imensa de lidar com o Congresso, então acho que ele (Barbosa) teria dificuldade de diálogo com o segmento político. É preciso saber trabalhar com o Congresso, fazer pontes”, ponderou o ministro.

Sobre a decisão do STF referente às alterações na lei do Foro Privilegiado, Mendes disse que acata a decisão da maioria, mas que é contrário à alteração. “Isso vai dar uma grande confusão”, disse. “Eu tenho imensas dúvidas sobre se isso vai funcionar, a Justiça criminal no Brasil funciona muito mal”, completou. Além disso, apontou dúvidas sobre a lisura das decisões tomadas em instâncias mais próximas do réu, em que pode haver benefício ou perseguição contra “A ou B”.

Sobre a candidatura do ex-presidente Lula, defendida indiscutivelmente pelo PT, Mendes afirmou que “segue defendendo teses garantistas”. Ele ainda declarou ter a “impressão que Lula não terá a candidatura protocolada, mesmo que haja dúvidas sobre a lei da Ficha Limpa. Não há alternativa, é um caso de inelegibilidade aritmética”, finalizou.