O consumo de etanol hidratado no Brasil pode crescer mais de 20 por cento em maio em relação a meses anteriores, e o biocombustível tem espaço para ganhar competitividade ante a gasolina em mais Estados ao longo deste ano, avaliou nesta quinta-feira o diretor da trading SCA, Martinho Ono.
De acordo com ele, o renovável terá uma atratividade forte em 2018, em meio a um cenário de maior oferta e com a gasolina registrando cotações ainda elevadas, dados os seguidos reajustes da Petrobras. Nas últimas semanas, o derivado do petróleo vem batendo máximas nas refinarias.
“É bem provável que iremos a (um consumo de) 1,6 bilhão, 1,65 bilhão de litros (de etanol) em maio”, disse Ono a jornalistas no intervalo da conferência internacional de açúcar e etanol da F. O. Licht, em São Paulo.
Conforme ele, nos últimos meses a demanda tem girado em torno de 1,3 bilhão a 1,4 bilhão de litros.
Para maio, a expectativa é de maior consumo em virtude do repasse da queda dos preços nas usinas para os postos de combustíveis.
“Muitos outros Estados entrarão na paridade do etanol nesta safra, como Rio de Janeiro e Bahia”, acrescentou ele.
O hidratado, usado diretamente nos tanques dos veículos, costuma ser mais atrativo ao consumidor em regiões com maior produção e menor incidência de tributos, a exemplo de São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais.
Diversas consultorias têm apontado para um incremento de produção de etanol no centro-sul do Brasil na safra 2018/19, iniciada neste mês. A razão por trás dessa perspectiva está na demanda firme pelo biocombustível e nas cotações do açúcar no menor patamar em anos.
Segundo Ono, 75 por cento da frota nacional de veículos poderá contar neste ano com os preços do etanol cerca de 1 real abaixo dos da gasolina nos postos de combustíveis, uma diferença que estimula o consumo do produto.
IMPORTAÇÕES
O diretor da SCA destacou que a janela de importação de etanol anidro pelo centro-sul do Brasil está praticamente fechada em razão da queda dos preços domésticos.
Entretanto, o Norte-Nordeste ainda deve registrar compras vindas do exterior, uma vez que a região entrou agora na entressafra.
Para maio, é “certeza” alguma importação do biocombustível, avaliou Ono.
Pelos seus cálculos, tal região demanda cerca de 200 milhões de litros de etanol por mês. Além de importação para suprir esse consumo, o Norte-Nordeste poderia contar também com produto “exportado” do Centro-Sul.
(Reuters)