Pelo menos 506 pessoas perderam a vida em função de acidentes de trabalho ou adoecimento por trabalho em Porto Alegre no ano passado. O dado foi divulgado em entrevista coletiva, na tarde de hoje, durante evento referente ao chamado Abril Verde, movimento nacional e internacional que lembra as vítimas de acidentes e doenças do trabalho. Um ato foi realizado no Largo Glênio Peres ao longo de toda a quinta-feira.
Conforme Fabiana Hermes, coordenadora do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador de Porto Alegre (Cerest POA), foram registrados 9.679 casos de acidentes ou doenças do trabalho na cidade em 2017, um número 4% maior que o de 2016. A comparação do primeiro trimestre do ano com o mesmo período de 2017 mostra crescimento de 18,5% no número de ocorrências em pronto-atendimentos, com mais de 3 mil casos. O mais preocupante, entretanto, é que uma pesquisa do IBGE sugere que os dados possam ser até sete vezes superiores, em função da chamada “subnotificação”.
Na prática, a média registrada é de 26 acidentes por dia, um a cada 44 minutos. As vítimas são majoritamente do sexo masculino, com idade entre 30 e 40 anos, residentes na Capital. As profissões com maior índice de acidentes são a de servente de obras e pedreiro, serviços gerais e motofretista, tendo como consequências mais comuns ferimentos de punho e mão, fraturas múltiplas e traumatismo craniano.
O desembargador do Tribunal Regional do Trabalho, Fabiano Holz, ponderou que”o maior de todos (os custos) são as tragédias humanas, com perda de vidas”, e lembrou que, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho, as perdas podem ainda alcançar 4% do PIB brasileiro. “Mesmo em períodos de crise, os empresários devem encarar a atividade de prevenção a acidentes e garantia de segurança como fomentadora de lucros”, destacou.
Durante as duas semanas de eventos do Abril Verde, os organizadores visitaram serviços de saúde, conversaram com profissionais e a população, prestaram atendimento e difundiram informações sobre prevenção aos acidentes do trabalho.