Feminicídios no Humaitá: mesmo ameaçada, terapeuta não procurou a Polícia

Homem que matou a ex e a sogra, nessa manhã, se entregou à Polícia e detalhou os crimes

Morta a facadas pelo ex-marido, Evandrios Martins dos Santos, de 32 anos, nessa manhã, em um apartamento no bairro Humaitá, em Porto Alegre, a terapeuta ocupacional Mariane da Silva Isbarrola, de 30, já havia relatado a amigos próximos que vinha sendo ameaçada pelo homem desde que ambos deram início, em fevereiro, ao processo de separação. Santos surpreendeu a vítima quando ela saía para o trabalho e, além de Mariane, esfaqueou a sogra, Terezinha de Fátima Pereira da Silva. A mulher, de 56, também não resistiu.

Conforme a delegada Clarissa Demartini, apesar de já ter sido ameaçada, Mariane nunca havia registrado boletim de ocorrência contra o ex-companheiro. Além disso, conforme ela, havia como evitar o feminicídio. “Quando elas veem que as ameaças não são somente algo corriqueiro, que acontece no fim de um relacionamento, elas devem ir em busca da Polícia. Até porque, se soubéssemos antes do caso da Mariane, poderíamos ter evitado um crime como esse”, lamenta a delegada.

Conforme a Polícia Civil, após ser preso em flagrante, Santos prestou depoimento, à tarde, e relatou os detalhes dos crimes. “Ele contou exatamente como conseguiu entrar no apartamento, a forma como convenceu Mariane de eles conversarem na sala de casa, até o momento em que matou a ex-esposa e a mãe dela, após a sogra ter tentado defender a filha. Além de ter explicado como as filhas do casal foram retiradas de casa”, explica a delegada.

Sobre a falta de denúncia oficial de Mariane contra o ex-marido, ela conta que, durante o depoimento, Santos relatou que a ex-mulher dizia que não tinha interesse em fazer o boletim de ocorrência porque ele era um bom pai para as duas filhas do casal. “Quem ficava com as meninas durante o dia era ele, já que ela trabalhava no turno do dia. Ela só pensava nas crianças”, explica a delegada.

Crime

De acordo com a Polícia Civil, Mariane saía para o trabalho o ex-companheiro a surpreendeu, no corredor do prédio. Ela e a mãe morreram esfaqueadas na sala do apartamento, no quarto andar do condomínio Paraguay, na rua Engenheiro Alexandre Martins da Rosa. Santos deixou a faca usada nos crimes em cima do sofá.

Após o ataque, o homem cobriu o rosto das duas filhas, de 4 e 7 anos, para elas não verem os corpos, e as levou para a casa de um vizinho. A irmã do suspeito foi ao local e pegou as duas sobrinhas. Santos fugiu em um HB20 branco antes de se entregar, no fim da manhã.