Santa Maria sofre com surto de toxoplasmose

Documento informa que cidade vive surto de toxoplasmose. | Imagem: Reprodução

Documento informa que cidade vive surto de toxoplasmose. | Imagem: Reprodução
Documento atesta que cidade vive surto de toxoplasmose | Imagem: Reprodução

Após quase 900 pessoas procurarem a rede pública de saúde apresentando sintomas de síndrome febril, desde janeiro, a Prefeitura de Santa Maria, na região Central do Rio Grande do Sul, confirmou hoje que o município vive um surto de toxoplasmose.
Quando os primeiros casos de febre surgiram, após o vigésimo dia do ano, as autoridades ainda desconheciam o agente transmissor. Laudos de exames feitos pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), porém, atestaram a enfermidade, o que levou a Vigilância em Saúde Estadual a emitir um alerta à Secretaria de Saúde do município. O temor em torno do caso aumentou quando esse documento “vazou” em redes sociais, durante a semana.
Hoje, em entrevista coletiva, a secretária de Saúde de Santa Maria, Liliane Melo confirmou que a toxoplasmose é transmitida por um protozoário pela via oral, por meio de ingestão de alimentos ou água. A orientação dos médicos é de que a população ferva a água da torneira por mais de 10 minutos, a 100°C, e lave bem alimentos como verduras, frutas e legumes. Já para pessoas de grupo de risco, é importante beber água mineral, e não da torneira.
Com relação à água de Santa Maria, as autoridades esclareceram que todos os parâmetros e cuidados foram tomados pela Corsan, que abastece a cidade. Além disso, a Companhia descartou que a água possa ter sido o vetor do surto, já que a filtragem que é feita elimina o protozoário.
A coordenadora do Programa de Imunizações da Secretaria Estadual da Saúde, Tani Ranieri, assegurou que o órgão vem atuando para dar todo o suporte possível à Prefeitura de Santa Maria. Ela admitiu, porém, que novos casos da doença podem surgir nos próximos dias. A coordenadora deixou claro que a população não precisa se preocupar, e que não há chances de a enfermidade se espalhar a outras cidades.
O prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, pediu que os moradores não entrem em pânico, e salientou que o importante, agora, é identificar o transmissor da doença, para que as pessoas passem a ter mais atenção.
Transmissão
O agente causador da toxoplasmose é o protozoário Toxoplasma gondii. O homem adquire a infecção de três formas: ingestão de oocistos (ovos) do paralisa depositados em solo, areia e latas de lixo contaminadas com fezes de gatos (hospedeiros do protozoário); ingestão de carne crua e mal cozida infectada, especialmente carne de porco e carneiro, e infecção transplancentária, ocorrendo em 40% dos fetos de mães que adquiriram a infecção durante a gravidez.
O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é de 10 a 23 dias, quando a fonte for a ingestão de carne, e de 5 a 20, após ingestão de oocistos de fezes de gatos. Com exceção das infecções intrauterinas, não se transmite a doença diretamente de uma pessoa a outra.
Tratamento
A necessidade e o tempo de tratamento serão determinados pelas manifestações e, principalmente, o estado imunológico do paciente. São três as situações:
1) Pacientes imunocompetentes com infecção aguda:
– somente comprometimento ganglionar: em geral, não requer tratamento;
– infecções adquiridas por transfusão com sangue contaminado ou acidentes com materiais contaminados: em geral são quadros severos e exigem tratamento;
– infecção da retina (corioretinite): exigem tratamento.
2) Gestantes com infecção aguda:
– em geral, devem ser tratadas, já que, com isso, se reduzem as chances de contaminação fetal;
– com comprovação de contaminação fetal: exige tratamento, o que também pode ser danoso ao feto e necessita vigilância especial.
3) Pacientes imunocomprometidos com quadro de infecção:
– essas pessoas sempre devem ser tratadas e alguns grupos, como os contaminados pelo vírus HIV-1, devem permanecer tomando uma dose um pouco menor da medicação que usaram para tratar a doença por tempo indeterminado. Discute-se, nesse último caso, a possibilidade de interromper a manutenção do tratamento em pacientes que conseguem recuperação imunológica tomando coquetéis contra a Aids.