Defesa Civil interdita residência que desabou matando grávida, na Capital

A Defesa Civil Municipal determinou a interdição da moradia que desabou, nesse fim de semana, matando uma mulher grávida, de 30 anos, na zona Leste de Porto Alegre. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (SMAMS) acompanhou na manhã de hoje o trabalho da perícia no local. “A obra não tinha licença, responsável técnico e nem uma plaquinha do CREA-RS”, constatou a engenheira Eliana Bridi, da SMAMS.
O rompimento de uma viga de concreto pode ter sido a causa do desabamento da laje do andar superior, em construção. O incidente ocorreu na noite desse domingo na rua João do Rio, no bairro Partenon. A queda da estrutura atingiu um casal, provocando a morte de Thaís dos Santos Nunes, grávida de seis meses, e ferindo o companheiro dela, Rafael Soares, de 25. A viga rompida podia ser vista do lado externo.
A suspeita só vai ser confirmada após a conclusão dos laudos elaborados pelo Instituto-Geral de Perícias. Uma equipe da Divisão de Engenharia do do Departamento de Criminalística do IGP prestou um atendimento imediato, ainda na noite de domingo, no local que ficou isolado.
Na manhã desta segunda-feira, ocorreu uma nova perícia no local, aproveitando a claridade da luz solar. Os peritos analisaram, por exemplo, a estrutura que ruiu, as características dos escombros e os materiais utilizados na obra com o objetivo de determinar as razões que levaram ao desabamento.
Abalado, o pai da vítima, o pedreiro Rudimar Pereira Nunes, de 54 anos, contou que havia construído a parte térrea da moradia. Ele disse que havia notado um problema na obra do segundo andar. O trabalho de construção era realizado por um conhecido dele.
“Eu notei muito espaço. Ele não colocou uma viga no meio. Minha intenção era arrumar aquilo”, admitiu. “Eu estava fazendo uns encanamentos e quando olhei começou a cair umas terras. Aí eu gritei para saírem de lá, mas foi tarde. Minha filha ia sair e ir na sogra dela, mas aí caiu bem na hora. Foi um desespero tentar tirá-la debaixo da laje. É triste. Era a única filha”, recordou.
Rudimar admitiu que obra não tinha um técnico fazendo o acompanhamento. “Eu trabalho há mais de 20 anos no ramo então eu sei como se faz. Onde eu fiz nunca deu problema”, afirmou, referindo-se à parte térrea da moradia. “Eu falei para ele e mandei parar a obra. Mandei reforçar com outra viga, mas ele disse que não ia cair e que estava forte”, relatou.
A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar as devidas responsabilidades.