Crianças esquartejadas em NH: advogados de presos por engano decidem processar promotor

Os advogados de Sílvio Rodrigues e Jair da Silva, que foram presos injustamente no caso das crianças encontradas esquartejadas em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, ingressaram na Corregedoria do Ministério Público contra a promotoria que analisou o caso à época em que o delegado Moacir Fermino apontou sete envolvidos em um suposto ritual satânico que culminou na morte dos irmãos.
Marco Alfredo Mejía e André Luiz Mery Leão pedem providências do Ministério Público. “A promotoria não foi zelosa em analisar um processo falho, seguindo orientação de um delegado ‘louco’. Precisamos que a instituição tome providências sobre isso. Afinal, nossos clientes foram muito prejudicados”, declarou Marco.
Advogados de “bruxo” vão lançar dois livros sobre erro da Polícia
No início da semana, os advogados de Rodrigues, que ficou conhecido como “bruxo” em meio às investigações, anunciaram que vão lançar dois livros contando a história das cinco pessoas presas erroneamente, dentre as sete acusadas pelo delegado Fermino, de estarem por trás do “ritual satânico” que resultou nas duas mortes. Partes dos corpos das vítimas, ainda não identificadas, foram localizadas no bairro Lomba Grande, na cidade do Vale do Sinos, em setembro do ano passado.
Corregedoria pede indiciamento de delegado de NH
A Corregedoria da Polícia Civil já pediu o indiciamento do delegado Fermino e de outras duas pessoas – uma testemunha e um agente policial – envolvidas na investigação. Na casa do delegado, a Polícia Civil apreendeu, com vários trechos sublinhados, um livro intitulado. Ele veio para libertar os cativos. Além disso, uma troca de mensagens de celular entre o delegado e o suposto profeta embasa o indiciamento.
Conforme o delegado e corregedor Antônio Lapis, o caso é de extrema complexidade e, por vezes, ficou difícil até para a Polícia entender as motivações e o envolvimento das testemunhas e do delegado Fermino no caso. “A gente tentou trabalhar com a linha cronológica, mostrando para todos como funcionou e o que exatamente aconteceu. O Paulo (nome fictício de outro indiciado, que a Polícia não identifica), uma das testemunhas que era chamada de ‘profeta’ pelo delegado Fermino, criou uma história e convenceu outras pessoas a prestarem depoimento e se envolverem no caso, garantindo a elas uma proteção”, comentou Lapis.