Trensurb condiciona reativar trens acoplados a reforma em estação de energia

A Trensurb passou a condicionar o uso de trens acoplados, com oito vagões, em horários de pico, à conclusão das obras de reparo da subestação de energia de Sapucaia do Sul, prevista para novembro. A empresa informou hoje que uma terceirizada vai dar início aos trabalhos em agosto. Desde abril de 2016, a estatal opera com capacidade energética parcial em função de um incêndio que destruiu a unidade em Sapucaia, comprometendo todo o sistema. Com isso, os usuários só conseguem embarcar em trens com quatro vagões, mesmo em períodos de demanda maior.
A operação acoplada só é possível com as novas composições, compradas em 2014. De um total de 15 trens, porém, só há cinco em funcionamento. A estatal garante que toda a frota nova vai poder operar acoplada, em segurança, quando o sistema energético estiver funcionando a pleno. Isso, porém, depende da entrega das dez composições ainda paradas, que apresentaram defeito a partir de 2015.
Dias atrás, o procurador da República em Novo Hamburgo, Celso Antônio Três, alertou que a empresa comprou os trens de forma equivocada, uma vez que foram projetados para rodar por debaixo da terra, e não sobre trilhos ao ar livre. “É um drama mexicano”, considerou, em entrevista à Rádio Guaíba.
Um dos principais problemas envolve a recorrência de infiltrações de água nas caixas de rolamento. Inquéritos foram abertos pelo Ministério Público Federal (MPF) a fim de esclarecer se houve falhas no processo de negociação e execução do serviço. Em função do impasse, Celso Três estuda solicitar uma indenização de cerca de R$ 400 milhões, valor superior ao montante repassado aos fornecedores para a aquisição dos trens.
Em fevereiro, a Trensurb informou que já havia multado o consórcio FrotaPoa em 3% sobre o valor total do contrato, de R$ 243,7 milhões. Cerca de 90% dos valores já foram pagos, mas os repasses foram congelados em abril de 2016, justamente e função dos defeitos nas composições.