Uma carreata de motoristas do aplicativo Uber protestou, no fim da manhã de hoje, contra o assassinato de um colega ocorrida durante assalto, no fim de semana, em Porto Alegre. Jairo Maciel, de 63 anos, teve o corpo encontrado em um matagal próximo à estrada do Rincão, no bairro Belém Velho, no início da manhã desse domingo.
A vítima, executada a tiros na cabeça, era considerada desaparecida desde a manhã de sábado. O veículo do condutor do Uber, um Chevrolet Prisma, foi localizado horas depois, no bairro Restinga. A Brigada Militar deteve um suspeito de participação no crime, que dirigia o carro.
O diretor da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Gabriel Bicca, informou que o automóvel passou a ser usado para assaltos à mão armada na zona Sul da Capital. “A investigação vai juntar as peças desse quebra-cabeça e construir qual a dinâmica do crime e quem eram os envolvidos”, explicou, acrescentando que o suspeito preso negou a participação no caso. O trabalho investigativo dos policiais civis prevê, por exemplo, a coleta de provas, a busca de imagens de câmeras de monitoramento e o trabalho de refazer todo o percurso do veículo que ficou registrado no rastreador do aplicativo.
Mesmo com a forte chuva que caía na cidade, a manifestação de protesto dos motoristas do Uber teve início no Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa. O cortejo de veículos seguiu então até o Cemitério São Miguel e Almas, na avenida Oscar Pereira, no bairro Azenha, onde o corpo de Jairo Maciel foi sepultado no fim da manhã. Os motoristas mantiveram farois e pisca-alertas acessos, e um buzinaço chamou a atenção ao longo do trajeto.
“O aplicativo da Uber tinha que ter a opção para o próprio motorista escolher se queria dinheiro ou não. Esperamos agora que na regulamentação na quarta-feira, dia 4, seja resolvida essa situação. Queremos mais segurança”, declarou Ricardo Schutz em nome dos demais participantes da carreata, referindo-se à pauta de votação na Câmara de Vereadores.
Crime
De acordo com a Polícia Civil, Maciel saiu para trabalhar às 5h30min de sábado. Em seguida, recebeu uma chamada pelo aplicativo da Uber no condomínio Camila e Ana Paula, na Restinga. No local, um homem embarcou. Antes de cometer o crime, que ocorreu por volta das 7h, o assaltante ainda pediu ao motorista para passar em uma lanchonete na avenida Ipiranga.
“Trabalhamos com duas hipóteses, latrocínio ou homicídio. O motorista não tinha antecedentes criminais e com ele foram encontrados a carteira e o celular”, detalha o delegado João Nazário. De acordo com a Polícia, a arma utilizada na execução era de calibre reduzido, possivelmente de 32 ou .380.
Família
Os irmãos Matheus e Mario Noms, sobrinhos de Maciel e que também são motoristas de aplicativos, acompanharam as buscas dos policiais e reconheceram o tio. “É revoltante que mais um crime desses tenha acontecido em Porto Alegre. Já tínhamos alertado o meu tio de que aquela região em que ele foi chamado era perigosa. Sempre orientamos a evitar atender chamadas de lá”, explica Matheus, acrescentando que a direção do Uber não deu nenhum suporte à família.
“Meu tio tinha planos de se aposentar no próximo ano, estava reforçando o orçamento da família. Era um cara experiente, já tinha trabalhado como taxista”, contou Mario. Maciel deixa a esposa, três filhas e quatro netos. A polícia estuda a participação de outra pessoa no crime.
Nota
No fim da tarde, a Uber emitiu uma nota em que lamenta a morte do colaborador e garante estar auxiliando nas investigações e ter contatado a família do condutor. Veja o texto na íntegra: