Intervenção no Rio vai sofrer ajustes para otimizar verba disponível

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse hoje que a equipe de intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro deve fazer ajustes para adequar as necessidades aos recursos disponibilizados pelo governo.
Segundo Villas Bôas, a necessidade de R$ 3,1 bilhões, que chegou a ser mencionada ontem por parlamentares após uma reunião com o interventor, general Braga Netto, é maior do que o total de recursos de que a intervenção de fato vai precisar. De acordo com Villas Bôas, é possível cobrir, com cerca de R$ 1,5 bilhão, tanto os passivos já existentes quanto as ações futuras da ofensiva.
“O governo anunciou a possibilidade de disponibilizar R$ 800 milhões. Isso vai exigir que a equipe de intervenção faça os ajustes necessários para otimizar esse recurso disponível e atingir o máximo de efeitos e objetivos”, disse ele, que afirmou desconhecer detalhes dos valores. “Há um componente grande de dívidas e passivos e há um componente do que deve ser para melhorar as estruturas.”
O general recebeu homenagem, nesta terça-feira, no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, e pediu compreensão com trabalho realizado pela intervenção. “As causas são extremamente profundas, e pedimos a compreensão porque os companheiros que lá estão às voltas com esse tema, quanto mais se debruçam sobre ele, mais verificam sua complexidade. Eles têm procurado manter uma postura de não gerar expectativa, não tomar atitudes espetaculosas e de não inaugurar promessas”, disse Villas Bôas.
Segundo o general, os problemas que comprometem a segurança pública são resultado de décadas e décadas de omissões e de necessidades básicas não atendidas pelo poder público. “Os resultados virão com o tempo, e as soluções serão realmente de muito longo prazo.”
Villas Bôas disse que está otimista, porém preocupado com os resultados que a intervenção precisa atingir. “Estou otimista e preocupado. Confesso que muito preocupado pela incerteza de que vamos realmente atingir todos os objetivos, mas a nossa determinação, ao sair, é deixar como legado uma mudança nas estruturas, de forma que elas tenham condições para depois funcionar por si”, disse o comandante do Exército.
Morte de Marielle
Ao discursar, o general comentou o assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSol, no último dia 14, no centro do Rio, e chamou a atenção para a polarização em torno do homicídio, que considerou injustiticável e terrível.”Vejam o injustificavel assassinato dessa moça. Vejam e verifiquem o potencial que ele adquiriu no sentido de desagregação, de potencializar os ideais de minoria. Como diz o [ex] ministro Aldo Rebelo, o caminho da separatividade da nossa sociedade”, afirmou o general.
“Rapidamente se estabeleceu uma rede de solidariedade internacional, e nos coloca no centro de um problema que extrapola a questão ‘segurança pública’. Vem toda a parte de desigualdade racial, direitos das mulheres, que são coisas que realmente são demandadas pela nossa sociedade”, acrescentou.