Mais um integrante da organização criminosa que mantinha duas rotas de tráfico interestadual de drogas, sendo uma através de voos domésticos, foi preso pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil no prosseguimento da operação Ajax. O indivíduo, um foragido de 46 anos, foi capturado na manhã de sábado durante cumprimento de mandado judicial na cidade de Gravataí.
A ação foi coordenada pelo delegado Thiago Lacerda. Os agentes apreenderam várias porções cocaína e crack prontos para venda. O diretor de investigações do Denarc, delegado Mario Souza, observou que a cocaína ostentava “uma espécie de marca”.
A organização criminosa foi alvo da operação Ajax deflagrada na quinta-feira passada com a mobilização de cerca de 350 agentes em 90 viaturas, que cumpriram 89 ordens judiciais em Nova Santa Rita, Canoas, Porto Alegre, Cachoeirinha, Guaporé, São José do Norte, Pelotas e Torres. Houve 16 prisões na ocasião.
Outros 18 traficantes foram capturados ao longo dois anos e meio de investigações. Uma célula da quadrilha trazia ecstasy de São Paulo e Santa Catarina até Porto Alegre, sempre em voos domésticos por cinco estados com mais de dez viagens por mês.
A droga sintética, fixada junto aos corpos dos mulas, passava pelos equipamentos de raio-x dos aeroportos, sem serem detectadas. Já a célula responsável pelas drogas convencionais, como maconha, cocaína e crack, buscava os entorpecentes na fronteira de Foz do Iguaçu, no Paraná, com Ciudad del Este, no Paraguai. Depois, o retorno ocorria em ônibus de linha interestadual ou em veículos próprios por via rodoviária até uma base em Torres.
Todo o entorpecente que chegava tinha como destino final a cidade de Nova Santa Rita, sede principal do grupo com extensão até o bairro Mathias Velho, em Canoas, antes de ser redistribuído e comercializado. A investigação começou a partir da prisão de um traficante de droga sintética em 2015. “Através dele chegamos ao topo da organização criminosa”, lembrou o delegado Thiago Lacerda. Ele observou que a organização criminosa, não ligada diretamente às facções conhecidas, também obrigava a traficarem para o grupo os moradores de comunidades de Nova Santa Rita.
Além disso, dezenas de assassinatos foram cometidos contra rivais com o objetivo de dominar as bocas de fumo, o que provocou picos surpreendentes de homicídios em Nova Santa Rita em 2015 e em São José do Norte em 2017. “Eles tinham forte armamento”, lembrou Thiago Lacerda, citando como exemplo o emprego de fuzis. “A quadrilha era agressiva e violenta. Ela ameaçava inclusive policiais militares”, acrescentou o delegado Mário Souza.