Jungmann: munição que matou Marielle foi roubada da PF na Paraíba

Raul Jungmann assumirá o comando do novo Ministério Extraordinário da Segurança Pública. Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, confirmou que a munição utilizada no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ), na última quarta-feira, foram roubadas de um carregamento da Polícia Federal. Segundo o ministro, informações que chegaram a ele dão conta de que a munição foi subtraída, “anos atrás”, da sede dos Correios na Paraíba.
“A Polícia Federal já abriu mais de 50 inquéritos por conta dessa munição desviada. Então eu acredito que essas cápsulas encontradas na cena do crime foram efetivamente roubadas. Também tem a ver com a chacina de Osasco, já se sabe”, disse, referindo-se à morte de 17 pessoas pela Polícia Militar de São Paulo, ocorrida em 2015.
De acordo com Jungmann, o carregamento das balas foi dividido em três partes: uma parte ficou em Brasília, a segunda foi roubada dos Correios no estado nordestino e outra, segundo informações preliminares, pode ter sido desviada por um escrivão da Superintendência da PF no Rio de Janeiro.
O ministro disse que a corporação destacou “o melhor especialista em impressões digitais e DNA” para avaliar o material das cápsulas encontradas no local onde Marielle e o motorista foram mortos, no Centro do Rio.
Sem adiantar detalhes das investigações, ele informou que, além da colaboração da PF na identificação de quem manuseou a munição, o restante do inquérito sobre o crime está sendo conduzido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Crime
Na última quarta-feira, a vereadora Marielle Franco morreu executada com quatro tiros na cabeça, quando seguia para casa no bairro da Tijuca, zona norte do Rio, retornando de um evento ligado ao movimento negro, na Lapa. A parlamentar vinha no banco de trás, quando criminosos emparelharam um veículo com o carro da vítima e dispararam nove vezes. O motorista Anderson Gomes também morreu. Uma assessora sobreviveu ao ataque.
Raul Jungmann conversou com a imprensa após fazer uma visita à sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo ele, a intervenção federal na segurança do estado do Rio, decretada há um mês pelo presidente Michel Temer, “está no caminho certo”, apesar de não fazer “mágica”.
Ao ser perguntado se o crime pode abalar a intervenção federal, ele respondeu: “Se esse crime, e isso é uma hipótese, foi cometido no sentido de confrontar a intervenção, é preciso dizer duas coisas: se isso está acontecendo é porque a intervenção está no caminho certo. A intervenção está levando exatamente o crime a reagir contra o que vem dando certo, que está sendo feito e vai continuar sendo feito. Em segundo lugar, isso não nos abala. É uma tragédia que nós gostaríamos que nunca acontecesse, mas isso só nos dá mais força e determinação para prosseguir adiante”, afirmou.