Assassinatos de líderes políticos e corrupção são atentado à democracia, diz Raquel Dodge

Dodge está em Porto Alegre na manhã desta sexta para participar da reunião de trabalho das forças-tarefa das três instâncias do Ministério Público Federal que atuam na Lava Jato. Foto: Guilherme Almeida/CP

Dodge está em Porto Alegre na manhã desta sexta para participar da reunião de trabalho das forças-tarefa das três instâncias do Ministério Público Federal que atuam na Lava Jato. Foto: Guilherme Almeida/CP
Dodge está em Porto Alegre na manhã desta sexta para participar da reunião de trabalho das forças-tarefa das três instâncias do Ministério Público Federal que atuam na Lava Jato. Foto: Guilherme Almeida/CP

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, esteve em Porto Alegre na manhã desta sexta-feira para participar de uma reunião de trabalho das forças-tarefa do Ministério Público Federal que atuam na operação Lava Jato. Antes do encontro, que aconteceu na sede da Procuradoria Geral da República, Dodge conversou com a imprensa e disse que está acompanhando de perto o início das investigações sobre o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSol), e do motorista dela, Anderson Gomes, na noite da última quarta-feira. Para a procuradora-geral, os assassinatos de líderes políticos são um atentado à democracia.
“A vereadora Marielle era uma importante líder política no estado do Rio de Janeiro e ela era líder porque era defensora dos direitos humanos. Ela dava voz a quem não tem voz e conseguiu por sua atuação vibrante e expressiva ser a voz da comunidade contra a violência policial e contra a corrupção de verbas públicas. Esses dois temas estão unidos”, disse Dodge. Ela, ainda, complementou afirmando que “a democracia brasileira é forte, mas sofre riscos”.
A procuradora também falou da importância de defender os direitos fundamentais e a preservação dos direitos humanos no Brasil neste ano em que a Constituição Federal completa três décadas de assinada. “Todos nós compreendemos que o crime é grave e não pode permanecer impune e será acompanhado atentamente por todos. O País tem compromisso com a preservação de direitos humanos, nesse ano que a Constituição Brasil faz 30 anos e que tem a defesa de direitos fundamentais como elemento central de seu eixo de normas, é importantíssimo que possamos dar uma resposta para esse crime, para desvendá-lo e para puni-lo”.
Raquel Dodge apresentou também alguns números sobre esses quatro anos de Operação Lava Jato. Segundo a procuradora-geral, até o momento, 101 pessoas com foro privilegiado estão respondendo ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF) e 12 governadores estão sendo investigados no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Atualmente, há, no âmbito do STF, 134 delações premiadas firmadas e prontas para homologação e nesses acordos está prevista a devolução de R$ 1,3 bilhão que estão no exterior e de R$ 1,4 bilhão que estão em instituições brasileiras. Desses valores, cerca de R$ 150 milhões foram recuperados.
Os números têm sido expressivos, não só no tocante ao número de ações abertas, mas também ao número de ações penais e de denunciados. Isso nos faz acreditar que atingimos um patamar de corrupção no Brasil que é importante porque, finalmente, numa democracia importante como a nossa a Lei está valendo para todos”, resumiu.
Segundo o último relatório divulgado pelo Ministério Público Federal, nesses quatro anos de operação, a Lava Jato já fixou acordos que preveem a recuperação de R$ 11,5 bilhões.