Estudantes ligados aos movimentos negros e representantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) entraram em um acordo, na tarde desta sexta-feira, e o prédio da Reitoria da instituição deve ser desocupado. O espaço teve os acessos bloqueados desde 7 de março, como protesto por alterações no sistema de cotas da Universidade. Na reunião de hoje, foi acordado que a portaria 937 (que modificou o processo de seleção de cotistas) passa a vigorar com a interpretação dada por nota técnica, cuja redação final foi feita em conjunto pelas partes, registrada no termo de audiência.
Entre as alterações, ampliação do número de representantes da Comissão Recursal de 5 para 10 membros, todos eles indicados pelos movimentos negros; manutenção da metodologia da identificação baseada nas características fenotípicas do candidato, com avaliação de documentação complementar apenas em caso de dúvida quanto aos aspectos fenotípicos do próprio candidato; garantia por parte da Reitoria de que não vai haver consequência administrativa ou jurídica aos estudantes envolvidos na ocupação.
Assim, os estudantes desocuparam o espaço no fim da tarde desta sexta-feira.
Entenda a questão
A Ufrgs decidiu atualizar a portaria 800, que trata da entrada de candidatos cotistas na instituição. A nova portaria, de número 937, segue determinando como critério predominante na avaliações o fenótipo do candidato, mas faculta aos postulantes às vagas que tiveram a primeira avaliação indeferida a possibilidade de usar documentação comprobatória até a geração dos avós. Já o movimento entende que que a portaria 937 abre brechas para que brancos ocupem as vagas de negros, e também reitera que, apesar de o sistema de cotas possuir inúmeras irregularidades, jamais algum aluno foi punido por fraudar o sistema.