"Foi um ato covarde”, fala irmã de vereadora assassinada no Rio

A difícil tarefa de reconhecer o corpo da vereadora Marielle Franco, assassinada ontem no Rio de Janeiro, coube à irmã, a professora Anielle Silva. Ela chegou por volta das 8h20min no Instituto Médico-Legal (IML) e levou mais de duas horas para concluir o processo de liberação do corpo da parlamentar.
Depois de ter reconhecido o corpo da irmã, Anielle falou com a imprensa. “Infelizmente, ela foi brutalmente assassinada. A gente mais uma vez sendo vítima da violência desse estado, dessa ausência de segurança. Tentaram calar não só 46 mil votos obtidos por Marielle na última eleição, mas também várias mulheres negras”, lamentou.
Segundo ela, o Complexo da Maré, onde Marielle nasceu e viveu parte da vida “chora”, assim como o Rio de Janeiro e o Brasil inteiro. “Ela só tinha um ano de mandato, não sei por que incomodava tanto. Não tinha necessidade de ser assim. Foi um ato covarde”, disse. “Marielle era uma pessoa do bem, guerreira, sorridente.”
Já o reconhecimento do corpo do motorista de Marielle, Anderson Pedro Soares, que também morreu baleado, ficou a cargo da viúva, Ágatha Arnaus Reis. “A gente já está imerso nisso [na violência]. A gente acaba se acostumando. No final de contas, é mais um. Não sou só eu, são várias pessoas. A revolta fica meio para trás, porque a dor é muito maior”, disse.
Anderson Soares era motorista do aplicativo Uber e, eventualmente, de Marielle. Segundo Ágatha, recentemente, os serviços eram frequentes, porque o marido substituía o motorista oficial, que havia adoecido.
A vereadora e o motorista foram assassinados a tiros na noite de ontem, no centro do Rio de Janeiro. Uma assessora de Marielle sobreviveu ao ataque e depôs à Polícia, durante a madrugada.