Desarticulada organização criminosa que transportava drogas em voos domésticos

Polícia cumpriu 89 mandados judiciais em oito cidades. Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP

Polícia cumpriu 89 mandados judiciais em oito cidades. Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP
Polícia cumpriu 89 mandados judiciais em oito cidades. Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP

Uma organização criminosa que mantinha duas rotas de tráfico interestadual de drogas foi desarticulada ao amanhecer desta quinta-feira na operação Ajax desencadeada pela Polícia Civil. Cerca de 350 agentes em 90 viaturas, sob comando do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), cumpriram 89 ordens judiciais, dos quais 51 mandados de busca e apreensão e outros 35 mandados de prisão temporária, em Nova Santa Rita, Canoas, Porto Alegre, Cachoeirinha, Guaporé, São José do Norte, Pelotas e Torres.
Houve 16 prisões durante a ação coordenada pelo delegado Thiago Lacerda. Outros 18 integrantes da quadrilha já haviam sido capturados nas investigações consideradas complexas e que duraram cerca de dois anos e meio, começando em 2015. Entorpecente, armamento, munição e dinheiro foram sendo recolhidos desde então. Dois irmãos eram os líderes, sendo que um está entre presos e o outro morreu em uma emboscada no litoral em setembro de 2016.
A célula da organização criminosa que atuava com drogas sintéticas montou um esquema que trazia ecstasy de São Paulo e Santa Catarina até Porto Alegre, sempre em voos domésticos por cinco estados que somavam mais de dez viagens por mês. De acordo com o delegado Thiago Lacerda, as drogas sintéticas, junto aos corpos dos “mulas” – pessoas coptadas pelo tráfico que carregam drogas escondidas na roupa -, passavam pelos equipamentos de raio-x dos aeroportos, sem serem detectadas.
 
Já a célula responsável pelas drogas convencionais, como maconha, cocaína e crack, buscava os entorpecentes na fronteira de Foz do Iguaçu, no Paraná, com Ciudad del Este, no Paraguai. Depois, o retorno ocorria em ônibus de linha interestadual ou em veículos próprios por via rodoviária até uma base em Torres. Segundo o diretor de investigações do Denarc, delegado Mário Souza, os traficantes levavam em conta até despesas de hotel junto com as passagens aéreas. “Tudo foi comprovado. Temos farto material de provas técnicas”, garantiu.

Todo o entorpecente que chegava ao Rio Grande do Sul tinha como destino final a cidade de Nova Santa Rita, na região Metropolitana, sede principal do grupo, que também tinha base em Canoas, no bairro Mathias Velho. Desses locais, a droga era redistribuída e comercializada.

Prisão dá início à investigação 
A investigação começou a partir da prisão de um traficante de droga sintética em 2015. “Através dele chegamos ao topo da organização criminosa”, resumiu o delegado Thiago Lacerda. Ele observou que a organização criminosa, não ligada diretamente às facções conhecidas, também obrigava a traficarem para o grupo os moradores de comunidades de Nova Santa Rita.
Além disso, dezenas de assassinatos foram cometidos contra rivais com o objetivo de dominar as bocas de fumo, o que provocou picos surpreendentes de homicídios em Nova Santa Rita em 2015 e em São José do Norte em 2017. “Eles tinham forte armamento”, lembrou Thiago Lacerda, citando como exemplo o emprego de fuzis. “A quadrilha era agressiva e violenta. Ela ameaçava inclusive policiais militares”, acrescentou o delegado Mário Souza.