Pela primeira vez na história, indígena concorre em chapa majoritária ao Planalto

Sonia Guajajara. Foto: Divulgação

A ativista Sônia Guajajara (PSol) vai ser a primeira pré-candidata autodeclarada indígena a compor uma chapa majoritária à Presidência da República no Brasil. A Executiva Nacional da sigla confirmou o dado após conferência realizada, no fim de semana, que confirmou os nomes de Guilherme Boulos como candidato a presidente e de Sônia a vice.
Indígena do povo Guajajara, do interior do Maranhão, ela atua na coordenação executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e formada em Letras e em Enfermagem. Único deputado do PSol na Assembleia do Rio Grande do Sul, deputado Pedro Ruas, salienta a importância da entrada de Sônia na corrida eleitoral.
“É a primeira indígena, entre gênero masculino ou feminino, a concorrer em uma chapa majoritária na história do Brasil. É um dado extraordinário. É a grande novidade de 2018”, defende.
Tradicionalmente, Sônia Guajajara é vista participando de atos públicos usando pinturas corporais e cocar. Para Pedro Ruas, as características da pré-candidata vão fortalecer a campanha eleitoral. “Ela, com suas vestimentas e com tradicional indumentária, vai mostrar a amplitude do PSol e a tradição indígena, podendo, inclusive, chocar algum setor da sociedade, e tomara que o faça, porque serão setores que jamais respeitaram os povos indígenas”, sustenta.
Única vitória indígena no Congresso ocorreu na década de 80
No Congresso Nacional, conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o então deputado federal Mário Juruna (PDT-RJ) se tornou, em 1982, o primeiro e único indígena eleito a ter exercido mandato na Câmara. O TSE salienta, porém, que outros indígenas podem ter cumprido mandatos como suplentes.
Indígenas representaram menos de 0,5% do total de candidaturas em 2016
Dos mais de 475 mil candidatos que disputaram as eleições municipais em 2016, apenas 0,34% eram indígenas – etnia de menor número entre as representadas no pleito. Pouco mais de 1,6 mil candidatos buscaram chegar ao poder nas câmaras municipais e prefeituras, apenas 28 deles disputando o cargo de prefeito, segundo o TSE. A maioria dos candidatos indígenas se concentra em estados das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste.