PF deflagra nova fase da operação Carne Fraca e cumpre mandados no RS

A Polícia Federal cumpre, na manhã desta segunda-feira (5), mandados judiciais da 3ª fase da Operação Carne Fraca. Esta nova fase foi batizada de Operação Trapaça. Ao todo, são 91 ordens judiciais no Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Goiás. O alvo desta etapa é a BRF Brasil Foods, gigante do setor de carnes e processados (Sadia, Perdigão e Qualy). Estão sendo cumpridos 11 mandados de prisão temporária, 27 de condução coercitiva e 53 de busca e apreensão. No Rio Grande do Sul, foram cumpridos um mandado de busca e apreensão e um de condução coercitiva. O conduzido está prestando esclarecimentos na delegacia da PF em Santa Cruz do Sul.
A terceira fase da Carne Fraca – deflagrada pela primeira vez em março de 2017 – tem como alvo esquema de fraudes contra o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o mercado supostamente praticados por empresa do grupo BRF. Conforme a PF, as investigações apontaram que cinco laboratórios credenciados ao Ministério e setores de análises de determinado grupo empresarial fraudavam resultados de exames em amostras de processo industrial. Assim, informavam dados fictícios em laudos e planilhas técnicos ao Serviço de Inspeção Federal.
A ação de hoje decorre a partir de informações de Daniel Gonçalvez Filho, ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, apontado como líder do esquema de corrupção no Mapa. Ele fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República no ano passado. O acordo foi homologado em 19 de dezembro pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.
Os investigados podem responder, de acordo com a PF, por crimes como falsidade documental, estelionato qualificado e formação de quadrilha ou bando, além de crimes contra a saúde pública, entre outros. O objetivo das fraudes era burlar o Serviço de Inspeção Federal para permitir que o Mapa fiscalizasse a qualidade do processo industrial da empresa investigada. A primeira fase da Operação Carne Fraca investigou o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
Operação Trapaça
“Trapaça” é uma alusão, conforme a PF, ao sistema de fraudes operadas por um grupo empresarial do ramo alimentício e por laboratórios de análises de alimentos a ele vinculados. Executivos do grupo empresarial, do corpo técnico e profissionais responsáveis pelo controle de qualidade dos produtos da própria empresa consentiam com as fraudes, segundo a PF.
Ao menos 270 policiais federais e 21 auditores fiscais federais agropecuários estão nas ruas cumprindo os mandados desta nova etapa da Carne Fraca, de acordo com a PF. No Paraná, há mandados sendo cumpridos em Curitiba e em Araucária, na Região Metropolitana; em Carambeí, em Castro, em Palmeira, em Ipiranga, em Piraí do Sul e em Ponta Grossa, nos Campos Gerais; em Dois Vizinhos e em Toledo, no oeste; e em Maringá, no norte. No Rio Grande do Sul, em Arroio do Meio. Em Santa Catarina, as cidades com ordens judiciais são Chapecó e Treze Tílias.
Em São Paulo, a PF cumpre mandados em Piracicaba, em Santana do Paranaíba, em Sorocaba, em Vinhedo, em São Paulo e em Porto Feliz. Em Goiás, os mandados são cumpridos em Mineiros e em Rio Verde. Os mandados judiciais foram expedidos pela 1ª Vara Federal de Ponta Grossa, no Paraná.