Há mais de dois anos e meio que os alunos e professores do Instituto de Educação General Flores da Cunha, em Porto Alegre, não pisam na escola. As obras, que deveriam ser concluídas em 2017, estão paralisadas desde agosto do ano passado. São mais de 1.500 estudantes e 132 docentes e funcionários que se dividem para ocupar os quatro locais diferentes em que o Instituto passou a funcionar.
As cerca de 50 turmas foram divididas entre o Instituto Estadual Rio Branco e as escolas estaduais Roque Callage, Felipe de Oliveira e Professora Dinah Néri Pereira. Apesar de terem sido remanejados para outras instituições, os alunos e professores sofrem com a falta de estrutura.
Segundo a diretora do Instituto, Leda Larratéa, os estudantes não têm acesso completo à biblioteca e não têm espaço para fazer educação física. “Nós não temos espaços pedagógicos além da sala de aula. Não temos onde fazer educação física, não há laboratórios, a biblioteca é mínima e o desconforto é grande para os professores, que precisam se deslocar entre as diferentes escolas para darem aula”, reclama a diretora.
As aulas foram transferidas para outras instituições de ensino em julho de 2015. As obras iniciaram há mais de dois anos, em janeiro de 2016. Após uma série de descumprimentos no cronograma, o contrato foi rompido com 10% dos trabalhos executados. Como apenas uma empresa participou da licitação, não foi possível repassar o contrato para a segunda colocada.
Dessa forma, o prédio, que tem 148 anos e foi tombado pelo município, sofre cada vez mais com os danos causados pelo tempo e pelas ações climáticas. Com o reinício das aulas, a diretora revelou que a comunidade escolar vai exigir uma postura do governo do Estado. Ela também reclama da falta de diálogo com a Secretaria de Educação e diz que só fica sabendo de novidades através da imprensa.
“Eu não tenho conseguido conversar com a Secretaria de Educação, só consigo informações com terceiros. Eu sei que tinha R$ 23 milhões parados aguardando o retorno das obras e, provavelmente, se nada for feito até o final do ano, nós vamos perder essa verba e o prédio ficará em abandono para sempre”, salientou a diretora.
Apesar da paralisação das obras, a Secretaria da Educação acredita que os trabalhos devem recomeçar em breve. Para o secretário Ronald Krummenauer, por ser uma obra de grande vulto, com um valor que varia entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões, é mais complicada do que as reformas em outras escolas. Apesar dos problemas que já duram mais de dois anos, o secretário afirma que uma decisão sobre o futuro da instituição deve ser anunciada em breve.
“O que eu quero deixar muito claro para a comunidade escolar é de que o Instituto continua sendo uma prioridade do governo do Estado e logo daremos a solução possível para retomar as obras, que tem um investimento muito alto, mas tem uma importância história grande”, afirma Krummenauer.
O primeiro edital de licitação para o restauro do Instituto de Educação foi lançado no final de 2014 e tinha previsão de que as obras durassem 18 meses. Desde aquela época, os constantes problemas estruturais e de insegurança fizeram com que o prédio se tornasse um elefante branco, localizado entre o Parque da Redenção e o Campus Central da UFRGS. A obra envolve a reforma das redes elétrica e hidráulica, além de pintura e adaptações que privilegiem a acessibilidade.