Em entrevista para o Correio do Povo e a Rádio Guaíba, a ex-presidente Dilma Rousseff reiterou que o julgamento de Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) é a continuação do processo de impeachment – que a retirou da presidência da República – e que, agora, tenta, segundo ela, “destruir o PT”.
“Ele (o julgamento) é um terceiro ato de um processo de golpe de Estado diferente dos tradicionais, que tinha como base intervenções militares, agora como base a mitigação da democracia. Esse processo, que começa com o impeachment sem crime de responsabilidade, se desdobra em outras medidas aprovadas pelo governo golpista sem legitimidade da democracia dada pela eleição”, ressaltou a ex-presidente, em declarações ao jornalista Juremir Machado, recebido na casa dela, no bairro Tristeza, em Porto Alegre.
Dilma explicou que após o impeachment, a segunda etapa do “golpe” se tornou a tentativa da oposição de “destruir o PT” e a terceira, “inviabilizar o poder de liderança de Lula” com o julgamento marcado para a próxima quarta-feira, às 8h30min, em Porto Alegre.
“Há um desequilíbrio em todas as instituições”
Questionada se a Justiça é parte dessa etapa do golpe, Dilma disse que “as relações de poderes estão completamente comprometidas” no Brasil. “Há vários conflitos, desde o julgamento de Aécio (Neves – PSDB-MG) no Supremo (o STF havia determinado afastamento do senador e recolhimento noturno, contudo o Senado derrubou a decisão). Há um desequilíbrio nas decisões do judiciário. Há um desequilíbrio em todas as instituições”.
“Não tenho consideração positiva sobre o governo Temer”
A ex-presidente comentou ainda sobre as ações do ex-vice, agora, presidente do Brasil. E classificou com “de baixa qualidade” as nomeações de Temer para os cargos de ministros. “Não tenho qualquer consideração positiva sobre o governo Temer”, enfatizou.
“Está escancarado que o presidente da República conversou com um empresário e que seu principal assessor foi gravado com uma mala. Tem uma problema no decreto de portos. Tem um problema sério nas nomeações da Caixa. Essa confusão cria possibilidade de absurdos”, resumiu a presidente.
Sem decepção com Teori Zavascki
A ex-presidente Dilma negou que tenha mágoa com o fato de que o ex-ministro do STF Teori Zavascki não afastou Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados durante a época do processo de impeachment.
“O máximo que posso ficar com isso é decepcionada. Acho que foi incorreto. Conhecendo os termos, acho que foi incorreto. Não acho correto você deixar uma pessoa como o Cunha, com todas as acusações que tinha, presidir um impeachment”, resumiu.
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