Nos últimos dias, moradores de Porto Alegre puderam testemunhar a multiplicação dos bancos de areia que se formaram no Guaíba. A razão dessa alteração é o baixo nível do lago. Na manhã desta quinta, a régua do Cais Mauá marcou o menor nível até o momento, de 33 centímetros. A redução das chuvas a falta de contribuição dos afluentes podem explicar a baixa. Os dois fatores, relacionados, sofrem influência do fenômeno La Nina, que gera a predominância do tempo seco. Em pelo menos cinco dias de 2018, o nível do Guaíba já ficou abaixo da média histórica, de 47 centímetros.
Segundo a meteorologista do Centro Integrado de Comando (Ceic), Estael Sias, o resfriamento do oceano Pacífico, causado pela La Nina, gerou a escassez de chuva percebida nos últimos meses. “A gente percebe essa redução da chuva desde meados de novembro. A chuva está abaixo da média histórica nos principais afluentes do Guaíba, que são o Jacuí, que nasce no Centro do Estado, e também a bacia do Caí e dos Sinos”, relatou. Além disso, segundo Estael, o volume de chuva da Capital não surte impacto tão importante no nível do Guaíba como os afluentes.
No ano passado, nessa mesma época, o nível do Guaíba era de em torno de um metro. “Comparando ao ano anterior, de 2016, em pleno super El Nino, que é o aquecimento do oceano Pacífico Central, o nível do Guaíba chegou, em alguns dias, a chegar perto de dois metros. Isso mostra a influência direta dos fenômenos climáticos”, afirmou Estael. Conforme o Ceic, a situação mais similar à de agora ocorreu em 2013, quando a oscilação do nível chegou a 31cm no Cais Mauá.
Captação de água
A previsão é de chuvas esporádicas nos próximos dias. Com isso, o Ceic estima que a situação não deva sofrer grandes alterações a curto-prazo. Em nota, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) afirmou que, até o momento, não há nenhuma alteração no funcionamento das captações e estações de bombeamento de água bruta. “O Departamento segue monitorando a qualidade da água bruta, da água tratada e distribuída”.
Navegabilidade
Outra preocupação se relaciona à navegabilidade no Guaíba. Segundo o Capitão dos Portos de Porto Alegre, o Capitão de Mar e Guerra Amaury Marcial Gomes Júnior, os navios que vão em direção ao Cais Navegantes poderão ter que fazer um ajuste de carga caso seja verificado que o calado está em uma altura preocupante em relação ao canal, de cerca de 5,5 metros de profundidade. Entretanto, o Capitão garantiu que ainda é possível navegar com a mesma intensidade. “Não há nenhuma reclamação para a Capitania dos Portos com relação a dificuldade de navegação”, disse.