Conforme os dados apresentados nesta segunda-feira pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul, o número de homicídios e latrocínios caiu no Rio Grande do Sul em 2017 no comparativo com 2016. Entre os índices que tiveram aumento no Estado, entretanto, estão o de vítimas de homicídio doloso, lesão corporal contra a mulher e estupro contra a mulher. Em Porto Alegre, ainda cresceu o número de casos de abigeato, estelionato e furto de comércio.
Um dado inicialmente conflitante é, justamente, o de casos de homicídio e mortes por homicídio doloso. Como ocorrências envolvendo dois ou mais assassinatos são computadas no sistema como um único caso, há redução nos índices de homicídio mas aumento das mortes pelo mesmo crime. No Estado, houve queda de 1,5% nesses registros (2.646 em 2016 contra 2.606 em 2017), mas aumento de 0,3% nas mortes (2.856 em 2016 contra 2.865 em 2017). Em Porto Alegre, no entanto, esse número acaba sendo positivo em ambos os itens: os crimes de homicídio caíram 20,1% (de 718 em 2016 para 574) e o número de mortes reduziu em 17,1% (de 785 em 2016 para 651 em 2017).
Os latrocínios também apresentaram queda: no Rio Grande do Sul os casos diminuíram de 168 para 124, uma redução de 26,2%. Já em Porto Alegre, os dados são ainda mais contundentes, com decréscimo de 39 em 2016 para 12 em 2017 – uma queda de 69,2%. Questionado sobre o combate ao tráfico, Schirmer disse que tudo passa pelo trabalho de conscientização dos usuários, que aumentaram exponencialmente nos últimos anos: “antes, fazíamos parte da rota do tráfico para outros países. Agora, a droga fica aqui”. Ainda assim, mesmo lembrando que o trabalho junto aos consumidores não remete diretamente à Pasta da Segurança, o secretário garantiu que as ações de repressão seguirão firmes em 2018.
De acordo com Schirmer, os números vão ao encontro do trabalho que vem sendo feito: “2017 foi o ano do início das mudanças na segurança”. Ele asseverou, no entanto, que “não se muda uma realidade de décadas da noite para o dia”, fazendo menção à necessidade de seguir aprimorando o trabalho de combate ao crime no Estado. A presença de pelo menos três brigadianos em cada município gaúcho e o alto índice de soluções de crimes pela Polícia Civil estão entre as ações consideradas crucias para a queda nos números da criminalidade.
Confrontado acerca dos números envolvendo violência contra mulheres, o secretário garantiu que há relação direta desse aumento com o aumento das denúncias. “Elas estão denunciando mais, graças a campanhas de conscientização, mas infelizmente sabemos que 90% dos crimes seguem ocultos. Enquanto esses números subirem, ficamos satisfeitos, porque é sinal de que as denúncias estão aumentando”. Os casos de lesão corporal contra mulheres subiram 1,3% no Estado e 11,6% em Porto Alegre; já os casos de estupro aumentaram 5,5% no Rio Grande do Sul e 10,6% na Capital.
No caso do aumento de roubo de carros, a explicação, para o secretário, está na tecnologia: “como os carros de hoje em dia não permitem mais ações como antigamente, a exemplo das ligações diretas, os bandidos esperam os proprietários para conseguir a chave”, ponderou. Os roubos de carro subiram 1,6% no Rio Grande do Sul e 3,7% em Porto Alegre, já os furtos a veículos caíram 13,6% no Estado e 15,3% na Capital.
Especificamente sobre roubo e furto de veículos, o secretário garantiu que a questão vai ser um dos principais focos deste ano nas atribuições da pasta de segurança: “não deixaremos de combater crimes graves, como homicídios e tráfico, mas daremos atenção especial a esse crime pois ele faz parte de ações maiores, como ataques a banco e tráfico de drogas.” A consolidação de projetos visando a criação de mais presídios, a exemplo da prisão federal a ser anunciada na sexta que vem pelo ministro da Justiça Torquato Jardim, também está entre as ações previstas para 2018.