Quadrilha que atacou carro-forte usou simulacro de bomba para ameaçar vigilantes

A tarde desta quinta-feira foi de medo e apreensão no bairro Anchieta, na zona Norte de Porto Alegre, onde criminosos atacaram um carro-forte da empresa STV. Além de pegarem os malotes com dinheiro, eles levaram as armas e coletes balísticos dos vigilantes. Conforme o titular da 1ª Delegacia de Repressão a Roubos, delegado João Paulo de Abreu, um dos suspeitos já foi identificado e está foragido. Abreu também confirmou que o assaltante também agiu com pelo menos três cúmplices.
Durante o roubo, dois funcionários da empresa foram rendidos, em um automóvel, pela quadrilha. Em seguida, os bandidos amarraram artefatos semelhantes a explosivos na cintura de um deles. Foram colocados dois tubos, imitando dinamite, e um celular. Tudo preso com fita adesiva vermelha. Segundo Abreu, os vigilantes foram coagidos a colaborar com os assaltantes, que, então, interceptaram o carro-forte usando um caminhão baú. “Eles (vigilantes) saíram do carro e abriram o local em que a quantia era armazenada sob forte ameaça. Após pegarem os malotes, os bandidos fugiram em outro automóvel em direção a Canoas. As vítimas foram liberadas logo em seguida”, disse. Os vigilantes acionaram a Polícia em seguida.
Momentos depois, a Brigada Militar localizou o carro-forte aberto na Travessa Arno Phillip. O motorista da equipe, que ficou com os explosivos falsos presos ao corpo, foi orientado pelos brigadianos a não se mexer e a permanecer sentado até a chegada do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). De acordo com o IGP, a falsa bomba era composta por um celular velho e três bisnagas de papelão que simulando explosivo.
Explosivo falso
A ação chamou a atenção de quem percorria as proximidades. Mesmo com o isolamento feito pelas autoridades de segurança, muita gente tentou gravar imagens com celulares e observar o trabalho realizado pelos policiais militares do Gate e da Polícia Civil. A área foi liberada por volta das 18h30min, quando foi constatado que o artefato era falso.
Um vigilante de uma empresa de transportes de valores, que preferiu não se identificar, disse que o medo é companheiro constante de quem trabalha com malotes. “Temos treinamento, somos capacitados para a função, porém não sabemos como agir quando nos deparamos com esse tipo de situação”, afirmou. “O colega que ficou com o artefato preso ao corpo era meu conhecido. Ele não precisava passar por uma situação como essa”, lamentou o homem de 47 anos, que há 18 trabalha na área.
O vendedor João Augusto de Rocha, de 32 anos, percebeu a confusão ao voltar do trabalho. “Vi aquele monte de carros de Polícia e fiquei assustado. A gente nunca sabe o que pode acontecer. Coitado do vigilante, é um trabalhador como eu”, declarou Rocha. A doméstica Ana Vaz, de 50 anos, conta que saiu de casa e percebeu a presença de policiais. “Fico preocupada toda vez que saio de casa, justamente por não saber o que vai acontecer. Ainda bem que não teve nada de mais grave e foram somente prejuízos financeiros”, opinou.
Segundo o delegado, a investida foi planejada minuciosamente e os bandidos tinham informações privilegiadas. “Pela forma como agiram, pela maneira com que ameaçaram os vigilantes, eles sabiam o que estavam fazendo. Certamente foi uma ação cuidadosamente articulada”, afirmou. Abreu estima que os bandidos possam ter relação com os roubos a carros-fortes ocorridos em Canoas no ano passado.
A Delegacia de Repressão a Roubos investiga o crime. “As quatro vítimas foram conduzidas para a delegacia, onde prestaram esclarecimentos”, disse Abreu. “Agora, daremos sequência às investigações”, salienta. Informações sobre os bandidos podem ser repassadas através do Disque Denúncia, no 0800 510 2828.