Estado e Município exigem mudança administrativa para retomar investimentos no Beneficência Portuguesa

A crise financeira do Beneficência Portuguesa ameça a continuidade das operações do Hospital, que chegou a oferecer 116 leitos pelo SUS no Centro de Porto Alegre. As dificuldades incluem o atraso no pagamento de salários e a redução nos atendimentos, o que levou a Prefeitura a rescindir o contrato. Hoje, o secretário municipal da Saúde, Erno Harzheim, garantiu que os investimentos só voltarão a ocorrer, em qualquer área, se três requisitos forem atendidos: mudança na administração, pagamento de todas as dívidas com o município e o pleno restabelecimento da capacidade operacional da casa de saúde.
Harzheim ressaltou, ainda, que não há qualquer impedimento em se tratar, especificamente, da questão dos leitos em psiquiatria, mas que isso depende do andamento das questões administrativas envolvendo o hospital. Ele mencionou, ainda, que o foco do município em se tratando de leitos em saúde mental, é o hospital Santa Ana (antigo Hospital Espírita), mas que não há impeditivo em debater a abertura de mais leitos pelo Beneficência, desde que o hospital se adapte às exigências.
Já o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, reiterou que é a Prefeitura que gerencia o hospital, embora investimentos em leitos de psiquiatria também sejam uma demanda do Rio Grande do Sul. “Não temos (Estado) muito o que fazer em relação ao hospital. Ele está sob gerência da Secretaria Municipal de Saúde. O que nos foi solicitado, como uma medida para que o Beneficência não feche imediatamente, é em relação à Psiquiatria, com a abertura de 30 leitos de saúde mental. Essa é uma demanda que temos, precisamos de mais leitos. Então o Estado concordou em calcular o impacto financeiro disso e fazer um repasse para a Prefeitura”, explica Gabbardo.
Contudo, o repasse só vai ocorrer se houver mudança na administração da casa de saúde, que deve, entre serviços pagos e não executados, um valor estimado em R$ 8 milhões.
Questionado sobre a situação do Beneficência Portuguesa, o Ministério da Saúde afirmou apenas que não repassa verbas “diretamente a hospitais que não sejam federais”, e que esses valores devem ser geridos pelos fundos estadual e municipal de saúde.