A partir do vestibular de 2018, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul passa a adotar um processo de verificação prévia da autodeclaração racial. Isso significa que, para entrar na instituição pelo sistema da reserva de cotas, o candidato vai precisar apresentar características físicas da etnia a que garante pertencer. A análise pela Comissão Especial de Verificação de Autodeclaração Racial vai ocorrer antes da matrícula. No procedimento, o fenótipo da pessoa vai ser examinado pela cor da pele, lábios, nariz e cabelo.
Os candidatos também terão de entregar, na forma de arquivo digitalizado legível, a autodeclaração étnico-racial preenchida e assinada. Além disso, uma outra ficha de autodeclaração étnico-racial deve ser preenchida e assinada presencialmente, perante a Comissão.
“A pessoa será chamada perante a comissão. Será feita a verificação, sem diálogo, apenas fenotípica. A comissão vai emitir um parecer sobre a fenotipia do candidato. Se corresponde com a autodeclaração, a pessoa pode fazer a matrícula. Se não corresponder, cabe recurso” explica o reitor, Rui Oppermann.
Para adotar a medida, a Ufrgs alterou o Edital do Vestibular em relação aos anteriores. O objetivo é evitar a contestação do processo. No fim do ano passado, o Ministério Público Federal recomendou a suspensão da aferição das características físicas de alunos cotistas autodeclarados negros, já matriculados, após o surgimento de suspeita de fraude no sistema de reserva de vagas. O MPF lembrou que, nos editais, os concursos não previam a aferição de fenótipo.
Com isso, a Comissão Especial de Verificação da Autodeclaração Racial só vai retomar o processo quando estiver construída “uma proposta que assegure plenamente os direitos dos envolvidos”, conforme nota emitida, ainda em 21 de dezembro.
Alterações no Vestibular
Em 2018, 32,4 mil candidatos – cerca de mil a menos que no ano passado – concorrem às 4.017 vagas do acesso universal. Desse número, 5,9 mil farão as provas nos campi do Vale I, do Vale II e Agronomia. De acordo com o reitor, a medida decorre da recuperação de aulas da rede pública em função da greve do magistério, o que impede a utilização das escolas para o concurso. Tradicionalmente, o local de provas dos alunos é escolhido conforme o CEP informado na inscrição.
Pela primeira vez, em 2018 a Ufrgs reserva 25% das vagas a pessoas com deficiência física, auditiva, visual, intelectual, transtorno do espectro autista ou com deficiência múltipla.
A Universidade ainda não definiu o dia da liberação do listão. Oppermann salienta que a correção da prova de Redação é mais demorada, embora projete os resultados até a terceira semana de janeiro.
As provas serão aplicadas entre os dias 7 e 10 de janeiro, em Porto Alegre, Bento Gonçalves, Tramandaí e Imbé. Os cursos mais concorridos incluem Medicina, com 83,21 candidatos por vaga, seguido por Fisioterapia, com 27,57, e Psicologia/Diurno, com 27,43.
Transporte público reforçado
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) vai reforçar, a partir de domingo, as linhas de ônibus da Capital que atendem o Campus do Vale (Agronomia), onde 5,9 mil inscritos devem fazer as provas do vestibular. A medida vale para a T8 Campus/Farrapos, a D43 Universitária/Direta e a 343 Campus/Ipiranga, além da 375 Agronomia.
De segunda a quarta-feira, os vestibulandos poderão utilizar, também, as linhas T10 e T8, com os horários regulares. Os demais locais de realização do vestibular terão atendimento pelas linhas diárias de ônibus.
Mesmo com reforço no transporte coletivo para o Campus, a EPTC comunica que os agentes de fiscalização vão orientar a circulação dos veículos para ajustes no trânsito e transporte, se necessário.
De acordo com a Ufrgs, os candidatos devem estar presentes às 8h nos locais das provas, com a documentação exigida. O fechamento dos portões ocorre às 8h30min.
O reitor recomenda que os candidatos conheçam o local das provas um dia antes, para verificar o percurso e distância, evitando imprevistos nos dias de vestibular.