O inquérito sobre a morte de Jonathan Rafael Maria, 31 anos, que foi esquartejado e teve o corpo carbonizado, deve ser remetido na próxima semana à Justiça. A previsão é da titular da 6ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (6ªDPHPP) de Porto Alegre. “Temos dez dias para remetê-lo”, avaliou a delegada Elisa Souza, acrescentando que o autor do crime, de 30 anos, amigo da vítima, deve ser indiciado, pelo menos, por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. “Estamos coletando as provas para embasar o inquérito”, resumiu.
Foragido após a prisão preventiva ter sido decretada, o suspeito acabou apresentando-se na tarde de quarta-feira, acompanhado de um advogado e não quis prestar depoimento. Ele foi recolhido ao sistema prisional.
A delegada Elisa Souza explicou que diligências ainda estão sendo ainda realizadas e devem ser ouvidas mais algumas testemunhas e pessoas já citadas nos depoimentos para esclarecer alguns pontos. “Aguardamos o resultado da perícia no veículo Tucson, que era da vítima. Esperamos encontrar vestígios do autor que comprovem que ele dirigiu o carro da vítima até a oficina onde foi localizado depois”, observou. Dois funcionários da oficina já o reconheceram.
A titular da 6ªDPHPP disse também que estão sendo aguardados os resultados de exames periciais no corpo da vítima com o objetivo de apurar se “houve ingestão de álcool ou veneno”. O resultado do DNA do dedo achado na casa do tio do autor do crime é igualmente esperado pelos policiais civis pois será comparado com o DNA do corpo carbonizado que foi encontrado na tarde de segunda-feira passada às margens da BR 290, em Eldorado do Sul.
Para a delegada Elisa Souza, a arma usada no crime possivelmente pertenceria ao tio e estava guardada na residência onde a vítima foi morta e esquartejada. Na noite de quarta-feira, ocorreu inclusive uma nova perícia na casa com o emprego do luminol, que confirmou a presença de sangue no ambiente. “Deu positivo em muitos locais”, destacou. O trabalho pericial mobiliza junto o Departamento de Criminalística e o Departamento Médico Legal.
Depósito de R$ 50 mil
Jonathan Rafael Maria depositou em torno de R$ 50 mil, oriundo de uma ação trabalhista, em uma conta bancária junto com o dinheiro do amigo. O objetivo deles era efetuar o saque da quantia, com rendimentos, após um ano. No entanto, o autor do crime sacou todo o dinheiro antes do prazo combinado, que seria em outubro do ano passado. Desde então Jonathan Rafael Maria vinha tentando a devolução de sua parte. Na semana do Natal, o suspeito marcou um encontro para entregar o dinheiro, mas não passava de uma emboscada. O local escolhido foi a residência do tio do criminoso, no bairro Camaquã, em Porto Alegre. O familiar estava no litoral. A vítima não foi mais vista desde então, sendo realizada nas redes sociais uma intensa campanha pela família e amigos em busca de notícias sobre o paradeiro dele.
Na segunda-feira passada, o tio retornou para casa e depararam-se com o piso alagado da moradia e muito sangue, além de um dedo. A Polícia Civil foi então acionada. A Hyundai Tucson apareceu em uma oficina mecânica no bairro Camaquã. No mesmo dia houve a descoberta do corpo esquartejado e carbonizado em Eldorado do Sul.
Os policiais civis descobriram que o criminoso foi com um Volkswagen Up até a BR 290 para desovar o corpo já esquartejado dentro do porta-malas. O veículo chegou a atolar na área, sendo retirado por dois homens em um trator que também são testemunhas no inquérito. Para queimar o corpo e as ferramentas utilizadas no crime, o indivíduo comprou um galão de gasolina em um posto de combustíveis. As imagens das câmeras de monitoramento do estabelecimento já estão de posse dos agentes.