O homem acusado de matar, esquartejar e carbonizar o corpo de Jonathan Rafael Maria, de 31 anos, se entregou à Polícia Civil, no fim da tarde de hoje. Conforme a titular da 6ª DPHPP, delegada Elisa Ferreira de Souza, o acusado, identificado como Victor Batista Ferraz, de 30, compareceu à delegacia na companhia de um advogado e não prestou depoimento. “Ele se reservou ao direito de ficar calado”, afirmou.
Ainda conforme a delegada, o homem chegou chorando muito, apesar de não ter dito uma palavra. “Agora ele está preso preventivamente e fica a disposição da Justiça. Temos mais 10 dias para concluir o inquérito, vamos ouvir mais testemunhas e reunir mais provas periciais”, ressaltou a delegada. A motivação do crime, conforme ela, é financeira.
O assassinato gerou uma comoção muito grande, conforme a delegada. “A família dele (suspeito) está muito preocupada, muito chateada. Tanto a vítima quanto ele eram de famílias que não tinham nenhum envolvimento com a criminalidade, e ele não tinha antecedentes. Não é uma família que está acostumada com esse tipo de situação”, destacou.
Sobre a brutalidade do crime, a delegada disse que nem a polícia consegue entender porque o homem agiu dessa forma. Ela presume que tenha sido uma tentativa de se livrar de todos os indícios e vestígios do crime. “Provavelmente ele esquartejou para transportar o corpo, colocou fogo para tornar difícil o reconhecimento, como de fato foi e tudo isso, claro, arquitetado, planejado, de forma a dificultar a ação da polícia e a própria localização do corpo pela família”, disse.
Entenda o caso
Jonathan Rafael Maria era considerado desaparecido desde 29 de dezembro de 2017, quando saiu para cobrar uma dívida de mais de R$ 50 mil de Ferraz, de quem era amigo.
Ontem, a Polícia já havia localizado o carro do suspeito – uma Hyundai Tucson – em uma oficina mecânica no bairro Camaquã, na Capital, para onde havia sido levado para um suposto conserto no alarme.
A delegada relata que a vítima tinha recebido cerca de R$ 50 mil de uma ação trabalhista e depositou os valores em uma conta bancária junto com o dinheiro do amigo. O objetivo dos dois era efetuar o saque da quantia, com rendimentos, após um ano. No entanto, o suspeito sacou todo o dinheiro antes do prazo combinado, em outubro do ano passado. Desde então Jonathan vinha pedindo a devolução da parte dele.
Na semana do Natal, o suspeito marcou um encontro para entregar o dinheiro. “Ele (Ferraz) armou uma emboscada para o Jonathan”, observou. A titular da 6ªDPHPP disse que a data da devolução era a sexta-feira passada e o local acertado havia sido uma residência no bairro Camaquã, onde vivem familiares do suspeito – que naquele dia tinham viajado. Jonathan deixou de ser visto desde então. Pelas redes sociais, amigos e familiares realizaram uma campanha em busca de notícias sobre o paradeiro da vítima.
Na segunda-feira passada, os familiares do suspeito retornaram para casa e se depararam com o piso alagado da moradia e muito sangue, além de um dedo. Eles, então, acionaram a Polícia. No mesmo dia houve a descoberta do corpo esquartejado e carbonizado em Eldorado do Sul. “Realizamos diligências e chegamos a conclusão que o suspeito, com seu Volkswagen Up, foi até a BR 290 para desovar o corpo já esquartejado dentro do porta-malas”, relatou. O veículo chegou a atolar na área.
Para queimar o corpo, junto com uma serra e dois facões usados no esquartejamento, o homem comprou um galão de gasolina em um posto de combustíveis, cujas imagens das câmeras de monitoramento do estabelecimento foram colhidas pelos agentes. Depoimentos foram reunidos pelos policiais civis para esclarecer o caso, que mobilizou o Departamento de Criminalística e o Departamento Médico Legal.
*Com informações da repórter Jessica Hübler