Temer descarta Pedro Fernandes para o Ministério do Trabalho

O presidente da República, Michel Temer, não vai mais nomear o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) para assumir o Ministério do Trabalho. O Palácio do Planalto comunicou a desistência nesta terça-feira à cúpula do PTB, por causa de uma interferência atribuída ao ex-presidente José Sarney (PMDB), amigo de Temer. Temer avisou ao ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do partido, que Sarney vetou a nomeação de Fernandes, segundo integrantes da Executiva Nacional do PTB.
“O Palácio me avisou hoje que tinha subido no telhado a nomeação do Pedro Fernandes, me ligou pedindo que pensássemos um novo nome por causa do problema de relação do Fernandes com o Sarney”, disse Jefferson ao grupo Estado. “O presidente Sarney não concorda com o nome. Ele queria conversar, mas o Fernandes não quis conversar com o presidente Sarney sobre o Maranhão, então deu problema.”
Sarney controla o PMDB no Maranhão e pediu para Temer não nomear Fernandes para não fortalecer politicamente um adversário histórico, o govenador Flávio Dino (PCdoB). O PTB é base do governo Dino. Em 2014, o comunista desbancou o clã Sarney do Palácio dos Leões, após meio século de aliados do ex-presidente no poder. Dino vai disputar a reeleição tendo como potencial adversária a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), filha do ex-presidente.
Filho
A posse de Fernandes era prevista para quinta-feira. O parlamentar havia anunciado que, após cinco mandatos de deputado, não pretendia disputar a reeleição para dar a vaga ao filho Pedro Lucas Fernandes, que é secretário estadual no governo Dino. Pedro Lucas se elegeu vereador em São Luís (MA), mas assumiu a Agência Executiva Metropolitana, órgão do Estado, com o ingresso do PTB na base de Dino.
Temer pediu a indicação de um novo nome pelo PTB, o que ainda não ocorreu formalmente.
Em nota, a assessoria de imprensa de Sarney disse que ele “não foi consultado e não vetou o deputado Pedro Fernandes”.
O ministro anterior, deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS), pediu demissão, na sexta passada, argumentando que precisa preparar a campanha à reeleição na Câmara, em meio a suspeita de irregularidades em contratos de informática do ministério, apontados pela Controladoria-Geral da União (CGU).