
Senador do Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão (Republicanos) assiste o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado como parlamentar da República e como general da reserva. No banco dos réus tem aliados políticos, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi vice na Presidência, e companheiros das Forças Armadas. O gaúcho é um crítico do processo.
“É um processo que eu considero viciado. A polícia investiga, o Ministério Público denuncia, o juiz julga. E temos tudo isso concentrado numa única pessoa”, afirmou Mourão, em entrevista exclusiva ao Correio do Povo.
“É um fato que não há como contestar. Essa ação foi levada a efeito o tempo todo pelo ministro Alexandre Moraes (do STF). Ele vai em cima do lado mais fraco dessa equação, que se chama tenente-coronel (Mauro) Cid. Sob o argumento da questão da falsificação de um cartão de vacina, ele faz uma busca e apreensão na casa do Cid, pega celulares, computadores, etc. E a partir daí se debruçam sobre aquilo e aí você tem uma série de conversações e de documentos; que nunca vieram a público, mas são conversações que ocorreram – e que não passaram disso aí”, segue o senador.
“Então fica aquela discussão se esse ato preparatório representa crime, se não é crime. Essa é a questão jurídica”, concluiu.
A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) descreve diversas reuniões que teriam acontecido no Palácio do Planalto em meados de dezembro de 2022 com a presença de comandantes das Forças Armadas. Mourão, que era vice-presidente à época, diminui o papel de envolvidos na ação penal que está sendo julgada na Primeira Turma do Supremo, como os generais Augusto Heleno (ex-Gabinete de Segurança Institucional), Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e Casa Civil) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e o almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), para listar os citados por ele.
“Em relação aos nossos companheiros que estão lá, nesse primeiro grupo, a minha visão é que é uma forçação de barra. Nenhum deles tinha mais… eram os generais da reserva, que não tinham comando de tropa e que não tinham a mínima capacidade de efetivamente dar um golpe de Estado com tropa na rua aqui no Brasil”, declarou.
Para o senador gaúcho, é fraca a acusação da PGR. “Pela fraqueza, as acusações não se sustentam, se você for olhar efetivamente à luz do que é uma tentativa efetiva de golpe de Estado.”
Testemunho de Mourão
O senador gaúcho Hamilton Mourão atuou como testemunha de defesa de Jair Bolsonaro na ação penal (AP) 2668 que apura tentativa de golpe de Estado. O CP reproduziu na íntegra seu depoimento após o levantamento do sigilo.
Fonte: Diego Nuñez / Correio do Povo