Presidente interina da Bolívia fala que, se voltar, Morales vai enfrentar a Justiça

Mais cedo, em entrevistas, ex-presidente disse que não se sente responsável pela atual crise e que cogita voltar

Foto: Reprodução/Facebook

A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, disse nesta sexta-feira que o ex-presidente Evo Morales pode deixar o exílio no México e retornar ao país, mas se fizer isso, deve “responder à justiça” por irregularidades nas eleições de outubro e por “denúncias de corrupção”.

“Há um crime eleitoral, há muitas denúncias de corrupção em seu governo”, acrescentou Añez, em um primeiro encontro com a imprensa estrangeira no Palácio Quemado de La Paz, três dias após assumir interinamente a presidência. Senadora de oposição, ela disse ainda que o ex-presidente deixou o país de maneira “covarde”.

Morales, que governou o país por quase 14 anos, disse nessa quarta-feira no México que está disposto a voltar para “pacificar” a Bolívia. Afirmou ainda que, com a renúncia, buscou deter a violência no país.

Nesta sexta, ele disse não se sente responsável pela atual crise na Bolívia, mas reconheceu que possivelmente tenha cometido erros, o principal deles “derrotar os adversários”. “Somos seres humanos, mas nunca pensamos em prejudicar o povo boliviano”, afirmou.

Em entrevista ao programa En Punto, da rede Televisa, Morales afirmou que “por enquanto” não se vê de volta à presidência da Bolívia. Na avaliação dele, o país está “no estágio de recuperar a democracia e derrotar a ditadura”.

“Não perco a esperança de, a qualquer momento, voltar à Bolívia e, se me aproximar da Bolívia através da Argentina, melhor ainda”, declarou Morales também hoje, em outra entrevista, dessa vez à emissora de rádio “El Destape”, de Buenos Aires.

O ex-presidente boliviano agradeceu ao presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, por dizer que vai recebê-lo quando assumir o cargo, em 10 de dezembro. “Estamos analisando. Esperamos que um pouco mais de tempo passe antes de voltar à Argentina ou à Bolívia para continuar essa luta contra a ditadura”, afirmou.

Os protestos que ocorrem no país desde o dia seguinte às eleições deixaram dez mortos e mais de 400 feridos, até o momento. Nas três primeiras semanas, as manifestações eram organizadas por opositores de Morales. Desde domingo, porém, após a renúncia, são os simpatizantes do ex-presidente que saem às ruas enfrentando a polícia, reforçada pelos militares.

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