Atirador de Campinas usou pistola comprada ilegalmente, revela polícia

Euler Grandolpho teve o corpo enterrado hoje à tarde

Foto: Eliane Gonçalves/Rádio Nacional

A pistola usada por Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos, para matar cinco pessoas e ferir outras três na Catedral Metropolitana de Campinas havia sido comprada ilegalmente. Essa é uma das poucas conclusões da Polícia Civil sobre o ataque de ontem. De acordo com o delegado-chefe do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter 2), José Henrique Ventura, a arma com a qual o atirador efetuou 22 disparos, incluindo o que tirou a própria vida, é de uso exclusivo das Forças Armadas ou da Polícia Federal.

Além da pistola 9 milímetros, a Polícia apreendeu um revólver com Grandolpho, no momento da tragédia. A polícia quer esclarecer agora como ele conseguiu comprar o armamento. Conforme antecipado pela Agência Brasil e confirmado, em seguida, pela polícia, o atirador era ex-servidor concursado do Ministério Público do Estado de São Paulo, atuando como auxiliar de Promotoria I, na Comarca de Carapicuíba, região metropolitana de São Paulo.

Desde 2014, no entanto, Grandolpho não era mais ligado ao órgão nem tinha renda própria. Segundo Ventura, desde que saiu do emprego, ele vivia com o pai, em Valinhos, município da região metropolitana de Campinas. O pai e os irmãos ainda não foram ouvidos formalmente em respeito ao luto da família.

Uso da pistola
De acordo com o delegado, a pistola usada no atentado não é simples de ser utilizada, mas as imagens das câmeras de segurança do interior da catedral sugerem que Euler tinha noções básicas de como manusear a arma. “Dá a impressão que é uma pessoa que não manuseou pela primeira vez uma arma daquela”, destacou.

O delegado informou ainda que os policiais que entraram na igreja para conter o atirador dispararam nove vezes. Ao ser encurralado, Euler se matou com um tiro na cabeça. Segundo o policial, sem a ação dos agentes, o risco era de o homem descarregar a pistola outras duas vezes com 11 balas, além dos seis projéteis do revólver.

Anotações pessoais
A polícia apreendeu vários pertences pessoais de Euler Grandolpho na residência dele, como um notebook, um celular e um bloco de anotações. Os registros escritos apontaram que o autor do ataque tinha pensamentos paranóicos e confusos, conforme o delegado Ventura. “Tinha uma certa mania de perseguição”, ressaltou, ao afirmar que grande parte das anotações é de desconexa.

Nas anotações, cuidadosamente escritas, como em um diário, Eurler Grandolpho tinha o costume de detalhar a própria rotina, incluindo datas e horários, assim como frases e números de placas de automóveis que via na rua. Tudo escrito com letra de forma.

Euler também era uma pessoa muito reclusa. O delegado enfatizou que, aparentemente, o atirador não tinha amigos ou pessoas com quem mantinha contato real ou virtual. “Não tinha muito relacionamento”, disse.

Sepultamento
Euler teve o corpo enterrado hoje à tarde no Cemitério Parque Flamboyant, em Campinas, onde compareceram pouco mais de 50 amigos e parentes. O velório começou pela manhã com reforço na segurança.

Alguns dos presentes relataram que Euler era solitário e retraído e que esse comportamento se agravou nos últimos anos.

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