Viúva de Marielle conta ter sido perseguida e ameaçada de morte

Mônica Benício reiterou que a morte da vereadora se tratou de crime politico, e isso explica por que não procurou a Secretaria de Segurança do Rio para assegurar proteção

Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, presta depoimento na Delegacia de Homicídios do Rio e relata ameaças que recebeu.

Após ter encaminhado pedido de proteção à Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), a arquiteta Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), confirmou hoje, durante quase três horas de depoimento na polícia, que há quatro meses sofre ameaças – pessoalmente e também pela internet. Ela depôs na Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

O delegado titular, Giniton Lages, colheu o depoimento. A arquiteta contou que, em dois momentos diferentes, um carro em situação estranha a acompanhou, além de ter sido alvo de constrangimento na rua. Em um deses momentos, Mônica disse que um homem repetiu que ela vinha “falando demais” e “precisava ter cuidado para não morrer”.

A arquiteta revelou ainda que recebeu mensagens raivosas pelo Twitter. Ao deixar a delegacia, Mônica afirmou que, inicialmente, não pretende pedir para ser incluída no programa de proteção a testemunhas, mas Lages disse que há disposição para dar mais segurança a ela.

Soluções

Mônica informou que, ao longo da semana, pretende buscar alternativas para evitar o incômodo em que vive há quatro meses. “Isso tem que ser negociado ainda, porque precisam ser apresentadas algumas soluções. Tudo isso vai ser discutido e não tenho muitas informações.”

Por motivo de segurança, a arquiteta disse que não pode fornecer detalhes do depoimento à polícia. Porém, demonstrou tranquilidade a partir do pedido feito à Corte da OEA. “Isso significa que a OEA cobra do Estado brasileiro que garanta minha segurança e proteção para que eu continue exercendo o trabalho de defensora dos direitos humanos, porque eu venho ocupando, cada vez mais, os espaços de fala que eram de Marielle.”

Para Mônica, a iniciativa da OEA, de atender ao pedido, é uma demonstração de que o caso Marielle deve ser tratado como prioridade. A vereadora morreu assassinada em 14 de março, na região central do Rio de Janeiro, ao lado do motorista Anderson Pedro Gomes, mas o crime ainda é objeto de investigação e aguarda desfecho.

Para a arquiteta, a morte da vereadora se tratou de crime politico, e isso explica por que não procurou a Secretaria de Segurança do Rio para assegurar proteção. “Eu estaria pedindo ajuda e proteção ao Estado que matou a Marielle, então, pedi direto à OEA”, explicou.

À Agência Brasil, a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro informou que não vai comentar o assunto.

150 dias

Mônica Benício ressaltou que, no próximo sábado, a morte de Marielle Franco completa 150 dias e lamentou que, depois de quase cinco meses, não haja conclusões em definitivo. “Acredito que o trabalho da polícia esteja sendo feito efetivamente. Foi um crime sofisticado e infelizmente bem executado, em que houve poucos erros – daí a dificuldade de chegar a uma solução.”

Em seguida, a viúva de Marielle disse que é importante ter paciência porque não se procura qualquer solução: “A gente não quer qualquer solução. Por ser um crime político, um crime de poder, que envolve pessoas muito poderosas por trás disso. Então, tem que ser bem resolvido”, afirmou.

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