Justiça do Rio converte em prisão preventiva de torcedores uruguaios

Eles se envolveram em conflitos antes da partida entre Botafogo e Peñarol, pelas semifinais da Libertadores

Torcedores do Peñarol estão presos no Rio de Janeiro | Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil / CP

A prisão em flagrante de 21 uruguaios foi convertida em preventiva pela Justiça do Rio nas audiências de custódia realizadas nessa sexta-feira. A decisão foi pelo envolvimento deles nos conflitos ocorridos na quarta-feira no Recreio, na zona oeste do Rio, na tarde do dia da primeira partida da semifinal da Copa Libertadores da América, entre Botafogo e Peñarol. Naquele dia, a equipe brasileira venceu por 5×0 .

De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), somente um dos detidos, Richard Andreas Soler Pereira, foi liberado. Para os outros foi transformado em prisão preventiva em flagrante. “Os juízes que fizeram as audiências destacaram, em suas decisões, que a maioria dos detidos estava armada com paus e foi presa em flagrante pela polícia”, disse o TJRJ em nota.

O tribunal informou ainda que os uruguaios que ficaram presos são Alvaro Marcelo Garin, Nikleson Cabrera, Michael Nicols, Federico Gonzales, Felipe Pedrini, Luís Antonio Cursio, Santiago Zapata, Jorge Lucio da Silva Limas, Carlos Ramiro Tambrideguy Lara, Lautaro Machado Raimondi, Santiago Facundo, Sacramento Rodriguez, José Telechea, Roy Martinez, Esteban Emanuel Silveira Sena, Franco Ezequiel Berriel Merlo, Carlos Francisco Sauco, Anthony Alexis Rosa Balles, Ezequiel Rodrigues e Cesar Daniel Camurati Alvarez.

Depois dos conflitos no Recreio, que tiveram registros de furto, incêndios em ônibus e confronto direto com a Polícia Militar (PM), foram detidos mais de 200 torcedores do Peñarol, levados para a Cidade da Polícia, no bairro do Jacaré, zona norte do Rio.

No dia, a PM informou que, no momento em que começou a confusão generalizada na orla da praia, agentes do Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios (BEPE) fizeram patrulha preventiva na região e foram alertados do furto de um celular em um estabelecimento comercial no local. O aparelho teria sido encontrado com um dos membros do grupo. Inicialmente o caso foi levado para a 16ª Delegacia, na Barra da Tijuca, bairro vizinho ao Recreio.

Os 22 uruguaios detidos foram autuados por diversos crimes, como porte ilegal de arma de fogo, furto, lesão corporal, roubo, dano qualificado, incêndio, associação criminosa, resistência, desobediência, desacato, rixa, injúria racial, corrupção de menores e o artigo 201 do Estatuto do Torcedor, por crimes contra a paz no esporte.

Conforme a PM, os torcedores do Peñarol iniciaram a confusão com um grupo de pessoas na praia, fizeram saques, depredaram estabelecimentos comerciais e veículos na região. Uma pistola foi apreendida pelos policiais.

Segundo a Polícia Civil, outros 330 uruguaios também vão responder pelo artigo 201 do Estatuto do Torcedor. Os procedimentos serão enviados para o Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos. Na apuração foram comprovadas imagens veiculadas na imprensa e nas redes sociais, e houve oitivas a fim de corroborar a identificação e a responsabilização dos autores.

Em entrevista na Cidade da Polícia, ainda na quarta-feira, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Victor Santos, admitiu que houve falha no planejamento de recepção e monitoramento dos torcedores do Peñarol.

“Segurança pública é minha responsabilidade. E o que eu tenho que fazer agora é olhar para dentro e rever todo o processo, ver onde ocorreram falhas e tentar corrigir. Lições aprendidas. Segurança pública não é científica matemática, por mais que tenha alguma previsibilidade, às vezes foge ao controle e acontece esse tipo de coisa”, afirmou Victor Santos.

Na visão do secretário, os problemas foram causados ​​por torcedores que estavam em três ônibus “desgarrados”, termo usado para aqueles que não tiveram viagem avisada anteriormente ao Consulado do Uruguai. Santos acrescentou que será apurado se a “falha de comunicação” for de responsabilidade do Peñarol, da torcida ou do consulado para a secretaria.

“Mas isso não tira nossa responsabilidade, porque assim que eles chegaram à orla do Recreio, nós temos as obrigações de saber do passado que já teve essa torcida. Uma vez em Copacabana, um torcedor do Flamengo perdeu a vida por causa dessa torcida. Diante desse histórico todo, a gente falhou no sentido de subestimar aquele que estava ali de policiais, achando que ele poderia agir e conter os três ônibus que estavam parados na orla”, completou.

Após os confrontos, o policial efetivo foi reforçado para o jogo que ocorreu à noite entre Botafogo e Peñarol, no Estádio Nilton Santos, no Engenhão, na zona norte do Rio.