Um dia após temporal, alagamentos seguem causando transtornos a moradores de Porto Alegre

Áreas do 4º Distrito ainda têm pontos de retenção de água, enquanto Dmae estima em R$ 700 milhões custo de intervenções para resolver problema permanentemente

Permanecem pontos de alagamentos na capital após fortes chuvas na semana | Foto: Camila Cunha

Mesmo com o final da chuva e a presença do tempo firme nesta sexta-feira, parte da população de Porto Alegre ainda sofria com a presença de alagamentos causados pelo temporal do dia anterior. Embora bem menores e em menos pontos, os transtornos eram visíveis, principalmente na zona Norte, no início da rua Dona Teodora, junto a Voluntários da Pátria, entre a vila Areia e a comunidade Tio Zeca, e na própria baixada da Voluntários, abaixo do viaduto da avenida Sertório.

Ambos os locais são historicamente afetados por inundações que persistem por dias depois de chuvas fortes. Na Dona Teodora, onde o mau cheiro misturado à água também perturba, moradores trancaram a via com caixotes e outros entulhos para impedir os motoristas de acessar a área alagada e eventualmente jogar ondas de água contaminada para o interior das casas.

“A gente sempre passa por isso, seja chuva fraca ou forte. É horrível. Não tem solução e sempre ficamos à mercê disto. É uma loucura, e se não houver apoio da casa de bombas, vai ficar assim sempre”, relatou o autônomo Benhur Silveira Costa, morador da área. Já na Voluntários, o acúmulo de água impedia motoristas de passarem pelo local, bloqueado por cavaletes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Mesmo assim, visando cortar caminho, motociclistas circulavam por cima do barranco ao lado, porém a dificuldade era tamanha que atolavam em alguns momentos.

Técnicos do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) estavam no local para proceder com o bombeamento da água, e posteriormente, inspeção da rede próxima. Procurado, o órgão disse que a Voluntários da Pátria está em uma área geograficamente baixa da cidade, “tendo, naturalmente, uma tendência maior de apresentar pontos de acúmulo de água”, assim como “a região tem um déficit histórico no sistema de drenagem”. A área da ponte pode estar drenada ainda nesta sexta, informou o órgão.

Tanto a casa de bombas 5, que atende a área da Dona Teodora, quanto a 10, na Vila Elizabeth, também ficaram com falta de energia por cerca de uma hora na quinta, o que pode ter agravado o problema, mas o órgão explicou que ambas estão conectadas a geradores desde a enchente, como uma forma de redundância caso falte luz da CEEE Equatorial, o que ocorreu durante o temporal desta semana. Como a troca de um para outro precisa ser feita manualmente, o prazo contabiliza o período em que técnicos do Dmae vão até os geradores e os conectam às bombas.

Deixar ambos os fornecimentos funcionando ao mesmo tempo não é uma opção, devido ao risco de acidentes. O Dmae disse ainda estimar em R$ 700 milhões as obras necessárias de macrodrenagem para a região, e R$ 5 bilhões para toda a cidade, salientando também que estão em desenvolvimento os projetos de engenharia que compreendem isto entre o 4º Distrito, entre o Viaduto da Conceição e a Arena do Grêmio.

Ao todo, R$ 3 milhões foram investidos no estudo técnico. O Novo PAC Seleções, do governo federal, poderá financiar obras nos trechos próximos à Rodoviária e o bairro Floresta. O anúncio foi feito pela União após as enchentes de maio. O balanço da EPTC do meio-dia desta sexta informava que ainda havia nove ocorrências abertas devido à chuva, com esta interrupção da Voluntários sendo o único bloqueio total vigente em Porto Alegre.