Em Atlanta-1996, o vôlei de praia fez a sua estreia no programa olímpico. Logo na estreia, o Brasil fez história ao conquistar o ouro com Jaqueline Silva e Sandra Pires. De lá para, contudo, o país esteve em mais quatro pódios, mas nunca mais no lugar mais alto. Até hoje. Nesta tarde, Ana Patrícia e Duda se encarregaram de quebrar esse jejum ao vencerem as canadenses Melissa e Brandie por 2 a 1 (26-24, 12-21, 15-10) aos pés da Torre Eiffel, o maior dos símbolos de Paris. Em uma final tensa e cheia de alternâncias no placar, as brasileiras levaram a melhor e ficaram com o título, garantindo o terceiro ouro para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris-2024.
Nas quartas de final, contra a dupla da Letônia, as brasileiras chegaram a estar perdendo por 6 a 0 no começo da partida. Talvez por isso, quando as canadenses fizeram 7 a 2 em apenas quatro minutos, a esperança da torcida brasileira era que de Ana Patrícia e Duda tinham tudo sob controle e logo em seguida a reação viria. Mas faltava combinar com as adversárias. A reação até veio, mas a distância a favor das adversárias nunca baixava dos três pontos, colocando cada vez mais pressão sobre as brasileiras. Com Brandy virando quase todos os ataques, a missão era complicada, mas não impossível. Com um ace de Duda, o impensável aconteceu: a virada em 18 a 17. O Brasil teve três set points para fechar, mas as canadenses salvaram todos. Só que depois o jogo virou e foram elas que não conseguiram encerrar. Até que na quarta tentativa, até que as brasileiras defenderam e Duda colocou no fundo da quadra para colocar um ponto final em um set disputadíssimo: 26 a 24 em 27 minutos.
O segundo começou muito mais equilibrado do que o primeiro, indicando que seria novamente um teste para os nervos dos torcedores. Ataque virado de um lado, ataque virado do outro. Defesa aqui, defesa ali. Num cenário assim, abrir dois pontos era quase impensável. Ana Patrícia marcou 9 a 7 para as brasileiras e comemorou. Não deu dois minutos e o jogo estava empatado novamente: 9 a 9. Mais concentradas na partida, as canadenses tomaram a frente ensaiando uma vantagem maior: 13 a 10, margem que logo em seguida foi ampliada para 15 a 11, fazendo com que as atletas do Brasil pedissem tempo na tentativa de conter o crescimento das rivais em quadra. Não funcionou. Melissa e Brandie seguiam virando tudo e mais um pouco, abrindo sete pontos e encaminhando a vitória, que foi confirmada em 21 a 12, em 18 minutos.
Com o empate, assim como na véspera, diante da Austrália, a decisão foi para o tie-break e sua carga extra de tensão. Mais do que nunca, não havia espaço para erros. Brandie atacou para fora logo no início. Faltava muito, afinal recém estava 5 a 2. Mas se a partir daí as brasileiras virassem os seus ataques, o título estava encaminhado. Mas, claro, o que na teoria é fácil, na prática é bem diferente. Em mais um erro da dupla canadense, a vantagem foi a 10 a 5. Era só manter a tranquilidade, mas a tensão na quadra era grande, e em um erro básico de recepção, o placar caiu para 10 a 7. A dramaticidade era tamanha que o árbitro deu advertência para Ana Patrícia e Brandie após as duas baterem boca na rede. Na tentativa de acalmar as coisas, o DJ chegou a tocar “Imagine”, de John Lennon, um hino pacifista. Na volta, com os nervos no lugar, as brasileiras não desperdiçaram a oportunidade de entrar para a história: 15 a 10 e o lugar mais alto do pódio assegurado. E de bônus, a Torre Eiffel no fundo da foto.
Confira a campanha das brasileiras:
- 2×0 Egito (Marwa/Elghobashy)
- 2×0 Espanha (Liliana/ Paula)
- 2×0 Itália (Gottardi/Menegatti)
- 2×0 Japão (Akiko/Ishii)
- 2×0 Letônia (Tina/Anastasija)
- 2×1 Austrália (Mariafe/Clancy)