Em meio ao cenário dramático que vive o Rio Grande do Sul com enxurradas, queda de pontes, bloqueios de rodovias e cidades inteiras isoladas, a previsão de mais chuvas em áreas que já estão com grandes alagamentos impõe alerta redobrado. No boletim emitido pela MetSul Metereologia no início da tarde desta quarta-feira, o cenário é descrito como “dramático”, com acumulados extremamente altos de precipitação nas regiões mais castigadas por cheias e inundações, o que “provocará uma situação de desastre de grandes proporções no estado gaúcho”.
Os acumulados de chuva nos últimos cinco dias estão entre 300 mm e 500 mm em vários municípios do Centro e do Nordeste do Rio Grande do Sul, regiões em que os modelos de previsão do tempo globais e de alta resolução indicam mais 150 mm a 300 mm até o fim de semana. “Estamos enfatizando que o quadro já grave deve partir para uma situação de gravidade extrema”, adverte.
Segundo a MetSul, o cenário é extremamente grave porque a instabilidade não vai deixar o Rio Grande do Sul tão cedo. Uma grande massa de ar seco e quente persistente com um bloqueio atmosférico no Centro do Brasi faz com que a umidade amazônica seja canalizada por áreas do interior da América do Sul em direção ao Sul até o Rio Grande do Sul e o Uruguai. O ar úmido e instável vai seguir atuando no Sul do Brasil mesmo com a chegada de uma frente fria nesta quinta-feira, que não vai conseguir romper o bloqueio. E ar mais quente começa a retornar no final da semana, mantendo a instabilidade.
“Como o ar quente tropical avança junto para Sul, forma-se uma combinação explosiva de umidade abundante com atmosfera muito aquecida, o que forma sucessivamente fortes a intensas áreas de instabilidade com volumes de chuva excessivos e temporais isolados com granizo e vendavais”, explica.
Mapas projetam volumes extremos
A MetSul analisou modelos de alta resolução WRF inicializados com os modelos norte-americano (GFS) e europeu (ECMWF) para projetar o volume de chuva para 72 horas, entre 21h de terça-feira e 21h de sexta-feira. “As projeções discrepam na distribuição espacial da chuva, mas ambas apontam volumes excessivos. Em nossa análise, o cenário apresentado pelo WRF ECMWF (mapas abaixo) está mais próximo do que deve acontecer”, explica.