O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enviou à Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira, o pedido de investigação sobre o apagão registrado nessa terça em 25 estados e no Distrito Federal. A solicitação partiu do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Após mais de 24 horas da falta de energia elétrica, que afetou cerca de 29 milhões de brasileiros, o governo ainda não conseguiu identificar o motivo do ocorrido.
No ofício enviado ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, Dino lembra que as causas para o “grave e anômalo corte de carga” seguem sendo desconhecidas e que o Ministério de Minas e Energia solicita esforços para que o órgão investigue o episódio. “E, caso constatado algum ato ilícito, adote as providências cabíveis”, salienta o documento, obtido pela reportagem do R7.
Nas redes sociais, Dino comentou a medida. “A providência é necessária em face da ausência de elementos técnicos, até o momento, que expliquem o que ocorreu. Assim, é prudente uma análise mais ampla, inclusive quanto à possibilidade de atos ilícitos”, escreveu.
Mais de 24 horas depois do apagão, o governo federal ainda não conseguiu identificar as razões do apagão. Até o momento, o Executivo revela apenas que houve sobrecarga em parte do sistema nacional de energia e falha técnica. Integrantes do governo dizem também que o episódio não guarda relação com a segurança energética brasileira, além de classificar o ocorrido como algo “extremamente raro”.
O Ministério de Minas e Energia afirmou em nota que, a partir de dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), registrou uma ocorrência às 8h31min na rede de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) que provocou a “separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste do país”, com a interrupção de pelo menos 16 mil megawatts de carga.
Após esse episódio, o ONS decidiu, por conta própria, fazer uma “ação controlada” nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, a fim de “evitar propagação da ocorrência”, de acordo com o órgão. Houve corte de carga controlado de 2.900 megawatts, o que evitou um desligamento maior nessas regiões. O fornecimento de energia se normalizou em todo o país cerca de seis horas após o início do apagão. Segundo o Ministério de Minas e Energia, o Sistema Interligado Nacional voltou a funcionar totalmente às 14h49min.
Nesta quarta-feira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o apagão resultou de “erro técnico, falha técnica”. Ele ressaltou que o Brasil conta com “sobra de energia” e, portanto, não há razão para o episódio ocorrido na terça. “Não há razão para esse apagão. A gente viveu alguns apagões no Brasil em períodos em que nós tínhamos crise de geração de energia, ou seja, reservatórios de água estavam em baixa. Você tinha mais demanda que oferta, o que levava ao colapso no sistema”, comentou.
Durante uma coletiva de imprensa, o ministro de Minas e Energia criticou a privatização da Eletrobras, mas evitou fazer ligação do fato com o apagão. Silveira ainda insinuou que o episódio possa ter dolo e, por isso, pediu a investigação da PF. O titular ainda pediu um inquérito à a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).