Wassef nega envolvimento no caso de joias e alega sofrer ‘campanha de fake news e acusações’

Advogado da família Bolsonaro virou alvo de busca e apreensão de operação da PF na última sexta

Foto: Reprodução

O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro Frederick Wassef negou envolvimento no caso de suposto desvio de joias que está sendo investigado pela Polícia Federal. Ele afirmou em nota, divulgada neste domingo, sofrer “uma campanha de fake news e mentiras de todos os tipos”. “Isso é calúnia que venho sofrendo e pura mentira. Total armação”, alegou. Wassef se tornou um dos alvos de uma operação de busca e apreensão da PF na última sexta-feira.

Além do advogado, são investigados o tenente do Exército Osmar Crivelatti e o general Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid. O rosto do general é visto no reflexo de uma foto usada para negociar esculturas recebidas como presentes oficiais pela gestão de Bolsonaro. A imagem aparece anexada ao documento de decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão.

Os investigados são suspeitos de ter vendido joias e presentes oficiais recebidos pelo ex-presidente. De acordo com a PF, eles se valeram da “estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado, por meio da venda desses itens no exterior”.

Veja a íntegra da nota de Wassef
“Como advogado de Jair Messias Bolsonaro, venho informar que, mais uma vez, estou sofrendo uma campanha de fake news e mentiras de todos os tipos, além de informações contraditórias e fora de contexto. Fui acusado falsamente de ter um papel central em um suposto esquema de vendas de joias. Isso é calúnia que venho sofrendo e pura mentira. Total armação.

“A primeira vez que tomei conhecimento da existência das joias foi no início deste ano de 2023 pela imprensa. Quando liguei para Jair Bolsonaro, ele me autorizou, como seu advogado, a dar entrevistas e fazer uma nota à imprensa. Antes disso, jamais soube da existência de joias ou quaisquer outros presentes recebidos. Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta nem indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda.

“A Polícia Federal efetuou busca em minha residência no Morumbi, em São Paulo, e não encontrou nada de irregular ou ilegal, não tendo apreendido nenhum objeto, joias ou dinheiro. Fui exposto em toda televisão com graves mentiras e calúnias.”

Operação Lucas 12:2

A operação da última sexta-feira, chamada de Lucas 12:2, busca investigar um grupo, composto de aliados do ex-presidente Bolsonaro, suspeito de ter vendido joias e outros objetos de valor, como esculturas, entregues a autoridades brasileiras em missões oficiais fora do país.

O versículo bíblico que dá nome à operação prega que “não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”.

De acordo com a PF, as peças foram enviadas aos Estados Unidos, em dezembro de 2022, no avião da Presidência da República. As tratativas para a negociação dos itens começaram em 19 de dezembro de 2022, conforme as investigações.

Em 8 de fevereiro de 2023, um dos kits, chamado de Ouro Branco, chegou a ser submetido a leilão, mas, segundo o relatório da PF, acabou não sendo vendido “por circunstâncias alheias à vontade dos investigados”. Logo após a tentativa frustrada, e com a divulgação da existência das joias pela imprensa, Cid organizou uma “operação de resgate” dos bens.

Nessa operação, as joias foram enviadas à cidade de Orlando, na Flórida, onde o ex-presidente da República residia na época. Bolsonaro deixou o Brasil em 30 de dezembro de 2022 e retornou para o país em 30 de março de 2023.

Segundo a PF, o fato de as joias não terem sido vendidas no leilão possibilitou ao ex-presidente devolver os bens à Receita Federal, em março deste ano, após a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).

Ainda de acordo com o que a corporação apurou, Wassef recomprou um relógio da marca Rolex para entregá-lo ao Tribunal. O objeto tinha as mesmas características do relógio que Bolsonaro ganhou de presente durante uma agenda nos Emirados Árabes.