Dívida da Venezuela impede novos financiamentos, confirma Itamaraty

Ainda de acordo com a pasta, país governado por Nicolás Maduro demonstra "disposição de retomar os pagamentos" ao Brasil

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

A ministra substituta das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, encaminhou ofício à Câmara dos Deputados afirmando que o Brasil não vai disponibilizar crédito à Venezuela enquanto o país, governado pelo ditador Nicolás Maduro, não quitar as dívidas pendentes. A informação responde a um requerimento do deputado federal Professor Paulo Fernando (Republicanos-DF). “É vedado ao Brasil, à luz da legislação interna, estender novas linhas de financiamento para a Venezuela até que o país retome os pagamentos da dívida”, menciona o documento do Itamaraty.

“Em contatos bilaterais, a Venezuela tem indicado a disposição de retomar os pagamentos da dívida com o Brasil. Os valores devidos pela Venezuela são inscritos no Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos – CCR/ALADA. As parcelas em atraso contavam com cobertura do Seguro do Crédito às Exportações e foram indenizadas com recursos do Fundo de Garantia às Exportações (FGE)”, acrescenta o texto do Itamaraty.

Entre as dívidas da Venezuela com o Brasil, incluem-se empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O país vizinho deve cerca de R$ 3,5 bilhões. No requerimento, o parlamentar questiona como e quando o governo vai demandar a Venezuela quanto ao pagamento das parcelas em atraso da dívida mantida com entidades do Brasil. Fernando pergunta também qual o prejuízo causado ao Tesouro Nacional, por meio do Fundo de Garantia às Exportações, em relação ao calote da Venezuela.

Na argumentação, o parlamentar cita a situação do país vizinho. “O descalabro econômico, social e político das últimas duas décadas do socialismo bolivariano produziu uma catástrofe humanitária na Venezuela e uma crise migratória nos países vizinhos, após o êxodo de mais de 7,1 milhões de venezuelanos do seu país”, sustenta o deputado.

Paulo Fernando ainda questionou a ida do assessor especial para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, à Venezuela, em março deste ano.

“O objetivo da visita foi definir passos para a plena retomada das relações bilaterais com a Venezuela, colher informações sobre as perspectivas de entendimento entre o governo e as forças de oposição venezuelanas e sinalizar a intenção brasileira de retomar o processo de integração regional sul-americana”, respondeu o Itamaraty.

Mesa para debater dívida

Em junho, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Maduro se comprometeram em criar uma mesa para debater a dívida do país vizinho com o Brasil.

“Instruíram as áreas competentes de ambos os governos a estabelecer um diálogo sobre uma solução para as dívidas existentes, reabrindo os canais comerciais entre os dois países. Nesse sentido, saudaram o estabelecimento de uma mesa técnica para iniciar o tratamento do tema nos próximos dias”, cita o comunicado.

Lula e Maduro se encontraram ao menos duas vezes na véspera da Cúpula da América do Sul, em Brasília.