A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, defendeu o trabalho e as ações tomadas à frente da pasta durante a reunião ministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela discursou por cerca de 17 minutos, no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta quinta-feira. O encontro havia sido marcado para as 10h, de acordo com a agenda oficial de Lula, mas teve início quase uma hora depois. Até a última atualização desta reportagem (18h32min), a reunião ainda ocorria.
Foram chamados todos os ministros, com exceção de Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), que realizou exames em um hospital de São Paulo, e Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), que cumpre agenda fora do Brasil. Nos lugares deles, compareceram João Capobianco e Francisco Macena, respectivamente.
Com o cargo ameaçado desde o mês passado, Daniela conseguiu adiar a demissão mesmo sob forte pressão do partido dela, o União Brasil. Lula e a ministra se encontraram nessa terça para discutir a situação e o chefe do Executivo decidiu não demiti-la naquele momento para poupá-la de uma saída conturbada. Apesar de já ter dado o aval para a troca, o presidente mantém boa relação pessoal com ela.
O prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner Carneiro (Republicanos), mais conhecido como Waguinho, disse nessa quarta que o presidente e Daniela, esposa dele, choraram na reunião em que deu sobrevida à ministra. Ele negou “rancor” ou “mágoa” com qualquer atitude que venha a ser tomada em relação aos dois.
Se demitida, Daniela volta à Câmara dos Deputados, onde promete dar apoio a Lula. “Nós somos Lula até o fim”, declarou ela nessa quarta, em audiência no Senado.
Questão de tempo
A saída de Daniela é apenas questão de tempo, como reconhecem membros do governo, e na terça o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, participou de um jantar com deputados do União Brasil para confirmar que a troca vai ocorrer. O substituto deve ser o deputado Celso Sabino (União Brasil-PA), que conta com o apoio da maioria da bancada para chefiar o Ministério do Turismo.
O União Brasil aguarda a mudança desde que Daniela anunciou em abril a intenção de deixar a legenda. Ao longo do mês passado, o partido deu recados a Lula de que a troca era necessária caso o presidente queira contar com os votos da bancada do União no Congresso. Em votações de temas delicados para o governo, como a de um projeto que anulou as alterações promovidas pelo chefe do Executivo no Marco do Saneamento Básico, o partido votou em peso contra o Palácio do Planalto.
Cobrança por mais resultados
Como mostrou o R7, para Lula, um dos objetivos da reunião ministerial, era cobrar dos integrantes do primeiro escalão do governo mais celeridade nas ações de cada pasta. O presidente pretende lançar, em 2 de julho, um programa voltado a grandes construções de infraestrutura para todo o país — o projeto vem sendo chamado nos bastidores de novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Além disso, o presidente deve exigir dos ministros mais velocidade nas nomeações para órgãos de segundo e terceiro escalões, com o objetivo de melhorar a articulação política do Executivo no Legislativo. Lula vai pedir que as indicações feitas por parlamentares sejam atendidas o quanto antes.
Deputados e senadores vêm se queixando da demora nas nomeações para cargos na estrutura da União nos estados e reclamando da atuação de Padilha, responsável pela articulação política com o Congresso. O ministro reconhece a necessidade de atender aos pedidos dos parlamentares.