O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou à Polícia Federal, durante depoimento na tarde desta terça-feira, desconhecer um suposto esquema que fraudou dados de vacinação contra a Covid-19. O ex-presidente chegou à PF, na área central de Brasília, por volta das 13h30min e deixou o prédio pouco antes das 18h.
No depoimento, ao qual o R7 e a Record TV tiveram acesso, Bolsonaro admitiu conhecer Ailton Barros Gonçalves — preso desde 3 de maio por suspeita de envolvimento no esquema. Ele prestou esclarecimentos acompanhado dos advogados e do ex-secretário de Comunicação Social da gestão anterior, Fábio Wajngarten, que também atua na defesa.
À PF, Bolsonaro afirmou que “se Mauro Cid arquitetou [esquema fraudulento de cartões de vacinação] foi à revelia, sem qualquer conhecimento ou orientação” dele. O ex-presidente destacou, contudo, que acredita na inocência do ex-ajudante de ordens.
“[…] Não determinou a inserção de dados fraudulentos nos sistemas; que acredita que Mauro Cid não tenha arquitetado a inserção de dados falsos em seu nome e em nome da sua filha no sistema do Ministério da Saúde; que esclarece que a todo momento ecoou ao mundo que não foi vacinado; que comprou mais 500 milhões de doses de vacina; que respeitou a liberdade de cada brasileiro de tomar ou não a vacina, e autonomia do médico”, escreveu a PF.
Os agentes perguntaram a Bolsonaro se Ailton Barros repassou a ele mensagens com conteúdo extremista. “Indagado sobre o motivo de Ailton Barros ter encaminhado ao declarante pautas contendo ataques ao Estado Democrático de Direito e às instituições democráticas, respondeu que não participou ou orientou qualquer ato de insurreição ou subversão contra o Estado de Direito”, conforme consta no depoimento.
O ex-presidente afirmou, ainda que a filha, Laura, também não se vacinou contra a Covid-19. “[…] Ao entrar nos EUA sua filha se declarou como ‘não vacinada’ contra a Covid-19.” O depoimento ocorreu dentro da Operação Venire, que investiga a atuação de uma suposta associação criminosa que, segundo a PF, inseria dados falsos de vacinação nos sistemas públicos do Ministério da Saúde. Bolsonaro era esperado para depor em 3 de maio, dia da ação, mas optou esperar pelo acesso aos autos do inquérito.
O ex-presidente afirmou não saber acessar o ConecteSUS, sistema do Ministério responsável por registrar e comprovar a imunização de cada brasileiro. Segundo Bolsonaro, era o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da presidência, o encarregado de gerenciar a conta. Cid também está preso por suspeita de envolvimento nas ações de falsificação.