Polícia não descarta relação de chacina na zona Norte de Porto Alegre com morte do traficante Beto Fanho

Corporação aponta que criminoso era chefe do tráfico na localidade onde ocorreu ataque, no bairro Sarandi

Foto: Polícia Civil / Reprodução

O Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil confirmou à Rádio Guaíba que o ataque a tiros que deixou cinco mortos e cinco feridos, nesse domingo, no bairro Sarandi, pode ter relação com a morte do traficante Adalberto Arruda Hoff, o ‘Beto Fanho’, apontado como um dos chefes do tráfico na zona Norte de Porto Alegre. A corporação investiga se o ataque partiu de outros traficantes, na tentativa de tomarem o local após o ex-líder ter sido morto, na semana passada, em uma operação das forças de segurança em Gravataí, na região Metropolitana.

Conforme apurou a reportagem, os criminosos chegaram em dois carros na rua B, da vila São Borja, dispararam contra as dez vítimas e fugiram. A região, segundo as investigações, é um ponto de tráfico de entorpecentes.

“Sempre que uma liderança sai de cena, podem acontecer tentativas para que outros grupos criminosos se instalem no local. Não vamos tolerar. Esse tipo de ação terá uma resposta imediata do Estado”, declarou o delegado Carlos Wendt, diretor do Denarc.

Segundo o delegado Thiago Zaidan, todas as vítimas da chacina tinham relação com o tráfico. “As pessoas ali tinham envolvimento com drogas, fossem traficantes ou usuárias. O delito foi praticado em uma área de disputa de facções”, destacou o titular da 3ª Delegacia de Polícia de Homicídios.

Traficante morto era vinculado a mais de uma facção

Acumulando 53 anos de condenação, Beto Fanho morreu na última quarta-feira, em uma ação integrada da Polícia Civil e Brigada Militar. Escondido em um sítio na localidade de Morungava, o criminoso já havia sido indiciado sete vezes por homicídio, além de tráfico e roubos a banco.

Na ação, foram apreendidos um fuzil calibre 556, uma pistola Glock calibre 9mm, uma espingarda calibre 22, uma granada, dezenas de coletes e capas balísticas, valores em espécie e rádios comunicadores. Cinco pessoas foram presas, nos dois dias seguintes, tentando desenterrar mais armamentos escondidos na propriedade.

Traficante ‘Beto Fanho’. (Foto: Polícia Civil / Reprodução)

Apesar de chefiar o tráfico no Sarandi, segundo o apurado, o criminoso chegou a integrar uma facção oriunda da Vila 27, na Vila Cruzeiro, na zona Sul. Quando morreu, no entanto, ele agia vinculado a um grupo surgido no Presídio Central, na década de 1990, que se define como ‘aberto’ a alianças com outras facções.

Ambas as quadrilhas ligadas a Beto Fanho fazem parte de uma coligação de traficantes formada para combater uma organização criminosa maior, surgida no bairro Bom Jesus, na zona Leste de Porto Alegre.