Em depoimento, Anderson Torres nega interferência em operações da PRF

Ex-ministro manteve a versão de que esteve na Bahia para inauguração de uma obra da Polícia Federal sem relação com a PRF

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Em depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro (PL) Anderson Torres afirmou que não interferia nas operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O depoimento, realizado em Brasília, durou mais de duas horas.

Torres também manteve a versão de que esteve na Bahia para inauguração de uma obra da Polícia Federal que não tinha relação com a PRF. O ex-ministro deixou a Polícia Federal após depor sobre a suposta interferência na PRF no segundo turno das eleições de 2022.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou a oitiva. Segundo fontes da PF ouvidas pela reportagem, o ex-ministro se dispôs a falar mais neste depoimento.

O depoimento integra um inquérito sobre uma viagem do ex-ministro às vésperas do segundo turno das eleições de 2022, supostamente realizada a fim de pedir o “apoio” da PF e da PRF para interferir no fluxo de eleitores.

A corporação suspeita que a ação do então ministro da Justiça tinha o objetivo de atrasar eleitores da Bahia no dia da votação. O pedido à PRF, conforme as investigações, ocorreu após a produção de um relatório detalhando os locais onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve mais votos no primeiro turno.

Em nota, a defesa de Torres disse que o ex-ministro abriu mão do direito constitucional ao silêncio e respondeu todos os questionamentos formulados hoje. Ainda de acordo com a defesa, Torres “mantém a postura de cooperar com as investigações, uma vez que é o principal interessado no rápido esclarecimento dos fatos e acredita que a verdade prevalecerá.”

O depoimento havia sido marcado para a semana passada, mas a corporação o adiou após um pedido da defesa de Torres, que alegou “estado de saúde delicado”.

Na terça-feira, o Supremo recebeu laudo elaborado pela Gerência de Serviços de Atenção Primária Prisional da Secretaria de Saúde do Distrito Federal afirmando que o ex-ministro está em “bom estado geral, consciente, atento e colaborativo”.