Vereadora é cassada por “dancinha” e vídeos polêmicos no Vale do Caí

Camila Oliveira, de Montenegro, alega que não cometeu crime e questiona nomeação de defensor

Foto: Reprodução / CP

Após participar de vídeos polêmicos e criticados por adversários políticos, Camila Oliveira (Republicanos) teve o mandato de vereadora de Montenegro, no Vale do Caí, cassado pelos demais colegas por quebra do decoro parlamentar, na manhã desta segunda-feira.

O processo de impeachment começou a tramitar em outubro, após a repercussão de “dancinhas” no Tik Tok de músicas com conteúdos considerados misóginos, e teve o julgamento marcado por uma série de interrupções. Além da perda do mandato, Camila ainda teve os direitos políticos cassados por oito anos.

Marcada para as 9h, a votação teve uma série de impasses. O advogado de defesa da vereadora, Jorge Fernandes, renunciou à função. Depois, um segundo defensor nomeado por ela, assim como a própria parlamentar, não compareceu.

Um terceiro advogado, Mateus Almeida, nomeado pela Câmara, pediu tempo para se inteirar dos autos, o que gerou nova interrupção.

O que disse Camila
Procurada, Camila Oliveira questionou a nomeação do defensor com o qual “não trocou uma palavra”, entendendo que não teve o direito à defesa garantido. Ela disse ainda que estuda ações jurídicas, uma vez que cabe recurso.

A vereadora ainda se disse perseguida por defender pautas conservadoras, ter perfil conservador e apoiar um candidato conservador, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas últimas eleições.

Ela defende não ter cometido crimes e que a ideia de gravar os vídeos partiu de duas adolescentes que a visitaram na sede do Legislativo. Questionada se considera a letra da música usada no vídeo de cunho ofensivo, ela disse que, nesse caso, não cabe punição a ela, e sim o autor da faixa.

Camila ainda entende que há discriminação não só a ela, mas também ao funk, estilo musical que, enfatiza, deve ser entendido como “patrimônio cultural brasileiro”.

Em meio ao segundo turno das eleições, Camila publicou dois vídeos gravados nas dependências da Câmara dos Vereadores de Montenegro. Ao lado de duas jovens, em um deles ela dança uma versão da música “Baile de Favela” chamada “Proibidão do Bolsonaro”. A paródia é de autoria de Tales Volpi, o MC Reaça, morto em 2019.

A letra fala, por exemplo, em “superioridade” de mulheres de direita. Um outro vídeo classifica como “vagabundos” integrantes do PT.

O vereador suplente Cristian Souza (Republicanos) tomou posse após a cassação. Nas últimas eleições, Camila concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa, ficando como décima suplente de deputado estadual.